Procissão do Círio de Nazaré aquece economia do Pará

Publicado em 11/10/2014 - 14:53 Por Lucas Pordeus Leon - Enviado Especial do Radiojornalismo/EBC - Belém (PA)

Cartão-postal de Belém, o mercado Ver-o-Peso oferece os mais variados sabores e aromas do Pará. A imensa feira livre às margens da baía do Guajará reúne centenas de barracas (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

No ano passado, 2,1 milhões de pessoas participaram da romaria do Círio de NazaréMarcello Casal Jr/Agência Brasil

A cidade de Belém, a capital do Pará, presencia durante o segundo domingo de outubro uma das maiores procissões católicas do Brasil e do mundo. No ano passado, estimou-se em 2,1 milhões o número de participantes na romaria do Círio de Nazaré. A festa enche a cidade de turistas e aquece a economia local.

A estimativa é receber neste ano aproximadamente 82 mil turistas. Eles devem deixar no estado mais de US$ 29 milhões. O cálculo é da Secretaria de Estado de Turismo (Setur) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA). Um dos coordenadores da festa, Jorge Xerfan, diz que há um crescimento das romarias ano após ano. “O Círio só cresce. Não apenas no número de pessoas, mas também na devoção”, diz Xerfan.

O Círio de Nazaré completa neste ano sua edição número 222. Tudo começou em 1792, quando um caboclo chamado Plácido encontrou a imagem da Nossa Senhora de Nazaré dentro de um igarapé. Ele a levou para casa e, no outro dia, ela teria retornado sozinha ao mesmo igarapé. Isso teria ocorrido por vários dias seguidos, o que criou a áurea mística em torno da imagem da Virgem Maria.

Cartão-postal de Belém, o mercado Ver-o-Peso oferece os mais variados sabores e aromas do Pará. A imensa feira livre às margens da baía do Guajará reúne centenas de barracas (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O mercado Ver-o-Peso oferece diversos produtos típicos do Pará, como o tucupi Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O comércio do Pará teve dificuldades durante o ano de 2014, segundo o vice-presidente da Associação Comercial do Pará, Miguel Gomes Sampaio, mas o Círio consegue reverter esse quadro. “O mercado neste momento se expandiu muito, principalmente por causa dos paraenses que moram em outros estados. Eles vêm uma semana antes e vão embora uma semana depois e, é claro, deixam renda por aqui”, diz Miguel Sampaio.

Os comerciantes do mercado popular do Ver o Peso, localizado às margens da Baía do Guajará, também percebem o crescimento da economia. Nelza Maria de Barros é a representante dos vendedores de polpas de frutas do mercado. Para ela, o Círio de Nazaré é o momento mais esperado do ano. “O Círio representa nosso Natal. É o termômetro para saber como será as vendas durante o ano. As vendas costumam crescer uns 100% neste período”, diz Nelza.

Um casal de aposentados do estado de São Paulo veio pela primeira vez ao Círio de Nazaré. Edina Maria Domingues trouxe o marido porque sempre quis conhecer a festa. “Dá vontade de chorar com a devoção do povo daqui. Não tem igual”, diz a aposentada.

Segundo a Associação Brasileira de Hotéis do Pará, os quartos para visitantes de Belém estão com praticamente 100% da capacidade. “A partir de quarta-feira e quinta-feira já começa a lotar. Hoje nós temos todos os quartos ocupados”, garante a gerente de um hotel na região onde a procissão passa.

Entre as principais atrações de Belém e do Pará está a gastronomia local. Maniçoba, pato no tucupi, tacacá e carurú são algumas das comidas típicas que despertam a curiosidade de quem visita a região. Artur Pereira vende essas comidas há mais de 40 anos e, segundo ele, a procura praticamente triplica nesta época do ano. “As pessoas chegam a fazer fila para comprar o tucupi para botar no pato. O símbolo daqui é o pato no tucupi”, revela o vendedor.

A Estação das Docas é um complexo turístico da cidade de Belém onde se reúnem restaurantes que servem comidas da região. O gerente de um deles, Agilson Silva, diz que já na semana antes do Círio de Nazaré a quantidade de clientes aumenta uns 80%. “O que atrai na culinária paraense é a particularidade dela. Por exemplo, o nosso açaí é natural. Quando a gente vê em outros estados parece uma vitamina, aqui não, aqui é o açaí puro”, garante Agilson.

Cartão-postal de Belém, o mercado Ver-o-Peso oferece os mais variados sabores e aromas do Pará. A imensa feira livre às margens da baía do Guajará reúne centenas de barracas (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A culinária típica desperta a curiosidade de quem visita a regiãoMarcello Casal Jr/Agência Brasil

 

Edição: Fábio Massalli

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