Cetem dá embasamento científico a restauro de monumentos tombados

Publicado em 13/01/2015 - 17:01 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O o Laboratório de Alterabilidade de Rochas Ornamentais do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) vai dar embasamento a restauros de prédios históricos e monumentos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Para isso, foi assinado termo de cooperação entre o Cetem, que é vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e a Superintendência do Iphan no Rio de Janeiro.

Segundo o vice-coordenador de Apoio Tecnológico a Micro e Pequenas Empresas do Cetem, Roberto Carlos da Conceição Ribeiro, o objetivo da cooperação é impedir intervenções equivocadas nos monumentos de rochas, como já ocorreu no passado. "Então, o Iphan busca amparo no Cetem para ensaios laboratoriais, antes que os restauradores executem suas atividades”, disse Ribeiro à Agência Brasil.

O objetivo dos pesquisadores é evitar que um monumento como o Cristo Redentor, por exemplo, seja descaracterizado durante uma operação de restauração. O Cetem fez um trabalho semelhante no próprio monumento do Corcovado, em 2010. “Antes que os restauradores começassem a usar materiais no Cristo, nós entramos em ação, verificamos o tipo de rocha, a coloração, como iria reagir aos produtos que iam passar, quais os tipos de degradação que estava ocorrendo”, lembrou Rodrigues. A ideia é canalizar o serviço dos restauradores para um foco correto.

Com isso, o Cetem fornece a base concreta para que o trabalho não saia de forma equivocada. “Antigamente, pensava-se que a rocha era uma coisa e, às vezes, era outra. Muitas vezes, pensava-se que era mármore, e era granito. E, se fossem usados produtos errados, poderia haver dano irreparável aos monumentos.”

Trabalhos de pesquisa semelhantes foram feitos pelo Cetem no Theatro Municipal e em banheiras históricas na Floresta da Tijuca. Já em parceria com o Iphan, destacam-se estudos relativos ao Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, ao Paço Imperial e ao Cristo Redentor, cujo restauro ocorre de dez em dez anos. A  intensificação dos trabalhos culminou no acordo fechado agora com o Iphan.

Como fruto da parceria, Ribeiro disse que já estão em andamento ensaios do Cetem referentes ao Mosteiro de São Bento e ao Hospital São Francisco de Assis. Está na fila, “na iminência de acontecer”, segundo ele, estudo para diagnóstico do estado de conservação de materiais construtivos da Igreja da Candelária e do prédio da Superintendência do Iphan. “Damos o embasamento científico e tecnológico dos problemas, como se fosse um laudo médico do que ocorre naquela patologia.”

De acordo com a assessoria de imprensa do Cetem, o órgão analisa que tipos de pedras foram usados na estrutura ou no revestimento dos bens tombados, “faz a sua  caracterização física e química, avalia o grau de porosidade, massa específica e absorção de água, entre outros parâmetros”. São verificados também os tipos de degradação sofridos pelas pedras, as causas do problema, bem como os  métodos técnicos para a proteção e preservação do monumento.

O Laboratório de Alterabilidade de Rochas Ornamentais funciona há seis anos, e Ribeiro acredita que pode vir a se consolidar como referência na América Latina para a conservação de pedras em bens tombados, por causa do grande volume de serviços realizados no Brasil”. O Cetem fez também estudos sobre a caracterização e alterabilidade das pedras portuguesas usadas no calçamento do Rio de Janeiro, com destaque para as ondas da calçada da Praia de Copacabana e as notas musicais no Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel.


Fonte: Cetem dá embasamento científico a restauro de monumentos tombados

Edição: Stênio Ribeiro

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