Arte de grafiteiros e rappers colore sábado dos brasileiros

Brasil em Cores reúne 500 grafiteiros em 13 estados e no Distrito

Publicado em 21/02/2015 - 19:26 Por Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Adriano dos Santos, responsável pelo grupo de grafiteiros do DF que participam do projeto Brasil em Cores que além do Graffiti realiza ainda outros elementos da cultura hip hop(José Cruz/Agência Brasil)

Adriano dos Santos está seguro de colaborar para fazer o mundo mais bonito e agradávelJosé Cruz/Agência Brasil

Ao chacoalhar e apertar repetidas vezes o spray de tinta contra a parede, o grafiteiro Adriano dos Santos Damasceno, de 30 anos, tem a certeza de que está dando uma pequena, porém significativa, colaboração para tornar o mundo um lugar mais bonito e agradável. A certeza de Adriano é compartilhada por cerca de 500 grafiteiros em 13 estados e no Distrito Federal (DF) que, como ele, participaram hoje (21) do evento Brasil em Cores.

Adriano é um dos idealizadores desse evento, que foi organizado a partir de um grupo do WhatsApp, com o objetivo de expandir a cultura urbana no Brasil. Os trabalhos serão divulgados na página do Brasil em Cores 2015 no Facebook. Posteriormente, serão feitos um livro digital e um calendário com as imagens.

No DF cerca de 30 grafiteiros pintaram os muros do Sesc de Taguatinga. A expectativa é que, em todo o país, mais de 500 grafiteiros usem dessa arte para expor suas mensagens. “Aqui em Brasília, estamos mostrando os diversos tipos de belezas que nosso país tem. Há desenhos que mostram a beleza feminina e de nossas raças, bem como da fauna e da flora”, disse o grafiteiro e organizador do evento.

Inspiração para estes e outros desenhos não falta. “Vivemos a problemática urbana e as dificuldades para acesso à arte nas comunidades. Nesse sentido, o hip hop tem sido um canal muito eficiente. As temáticas sociais vêm de forma quase automática”, disse Adriano. “O que buscamos por meio de nossa arte é dar qualidade de vida e fazer a diferença em nossas comunidades.”

Para Adriano, além de ser um meio de socialização, o grafite ajuda a resgatar os mais novos das ruas e das más companhias. "O prazer que [os mais jovens] sentem com o grafite evita que busquem outros prazeres efêmeros na cidade, porque estão ocupando a cabeça de forma positiva, desenvolvendo sempre temas e ideias”, destacou, referindo-se não apenas ao grafite, mas aos outros elementos do hip hop: break, DJ e rap.

Sabrina Falcão, grafiteira do Distrito Federal que participa do projeto Brasil em Cores que além do Graffiti realiza ainda outros elementos da cultura hip hop(José Cruz/Agência Brasil)

Hip hop  é  protesto,  e  a  figura  feminina  se  insere  nesse  contexto,  diz  Sabrina  Falcão  José Cruz/Agência Brasil

A presença de mulheres tem sido cada vez maior nesse ambiente que, até alguns anos, era, em sua absoluta maioria, masculino. Sabrina Falcão, de 31 anos, é uma delas. “Hip hop é protesto, e a figura feminina também se insere nesse contexto, inclusive contra o machismo. O ambiente pode ainda ser majoritariamente masculino, mas nunca senti barreiras, nem aqui, nem em qualquer outro núcleo social. Mas acho que isso tem mais a ver com a minha postura”, argumenta Sabrina.

A sensibilidade feminina agrega valor à arte que ela escolheu para representar seus sentimentos, suas angústias. “Faço grafite porque é uma arte que envolve sentimento e, por meio dele, me sinto parte de um processo criativo. É preciso sensibilidade até para apertar o cap [bico do spray de tinta usado para fazer o grafite] do jet [spray]. Elementos como força, ângulo, vento, superfície e ambiente, tudo junto faz parte do resultado na arte final”, acrescentou.

No caso do evento de Brasília, o som dos sprays sendo chacoalhados misturava-se às vozes que, a poucos metros dali, participaram da Batalha da Senzala, um duelo de rimas cantadas por vários rappers da cidade. Por isso, na capital federal, o evento chamou-se Brasil em Cores e Rimas.

MC Marcão, participa do projeto Brasil em Cores que além do Graffiti realiza ainda outros elementos da cultura hip hop(José Cruz/Agência Brasil)

Duelo  de  rappers  têm  como  prêmio  a  socialização  do  conhecimento,  diz  MC  Marcão  José Cruz/Agência Brasil

Usando uma camisa com a mensagem “homofobia mata”, o rapper, MC e educador social Marcão Aborígene, de 29 anos, explica como os duelos foram organizados. “Nós apresentamos, na hora, os temas que deveriam ser abordados de improviso pelos competidores para que o público escolhesse o melhor. O prêmio é a socialização do conhecimento.”

Entre os temas colocados no desafio estão alguns relacionados à política, ao sexismo, aos preconceitos, à xenofobia, à periferia, ao extermínio da juventude e à desmilitarização da polícia. “Eles foram definidos a partir de levantamentos feitos sobre a conjuntura das comunidades, do país e do mundo”, justifica o organizador do duelo de rappers.

Como disse Adriano Damasceno: “as pessoas podem ajudar o mundo. E o hip hop pode ajudar as pessoas a mudar o mundo”.

Edição: Nádia Franco

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