Iphan reconhece teatro de bonecos do Nordeste como Patrimônio Cultural do Brasil

Publicado em 05/03/2015 - 17:03 Por Da Agência Brasil - Brasília

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico  Nacional (Iphan) reconheceu hoje (5) o Teatro de Bonecos Popular do Nordeste, mais conhecido como Mamulengo, como Patrimônio Cultural do Brasil. Com o reconhecimento, o Teatro de Bonecos passa a ter proteção institucional, o que garante salvaguarda desse bem cultural.

“Para os mestres que trabalham com essa prática, é como se da terra seca começasse a surgir a água que alimenta a alma e o trabalho. Além disso, dá uma visão ampla à sociedade que mexe com as políticas culturais”, disse a presidenta da Associação Brasileira de Teatro de Bonecos, Ângela Escudeiro, responsável pelo pedido de reconhecimento.

A brincadeira começa com a montagem de uma espécie de barraca. Em seguida, os participantes ficam atrás da barraca e começa o espetáculo, com os bonecos em cena e a introdução de um texto poético. Além da narrativa, a peça contém elementos surpresa, muitas vezes sugeridos pelo mestre bonequeiro. Normalmente, as sugestões ocorrem a partir de conhecimento prévio sobre o público.

Conforme o Iphan, a prática carrega elementos fundamentais para a sustentabilidade da identidade e memória das regiões onde a brincadeira é mais forte, tornando-se referência cultural atualizada ao longo do tempo, mas mantendo relações de tradição, pertencimento e coletividade.

“O Teatro de Bonecos Popular do Nordeste não é um brinquedo ou um traço do folclore. Envolve, sobretudo, a produção de conhecimento criativo, artístico e com uma forte carga de representação teatral”, informou o Iphan.

A prática é mais forte no Maranhão e Ceará, onde é chamada de Cassimiro Coco. No Rio Grande do Norte, é conhecido como João Redondo e Calunga. Na Paraíba, é denominada Babau, enquanto em Pernambuco é chamada Mamulengo.

Para a professora e pesquisadora Isabela Brochado, também do grupo que requereu o reconhecimento dos bonecos, a decisão do Iphan é importante para manter viva a tradição. “A perda de acervo imaterial - elementos orais, técnicas de escultura ou pintura e dança - pode levar a um esvaziamento da identidade das comunidades”, observou.

Também hoje, o conjunto arquitetônico do Sesc Pompeia, em São Paulo, transformou-se em patrimônio cultural protegido pelo Iphan. O conjunto foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, na década de 70. A obra foi dividida em duas etapas. Iniciada em 1977 e concluída em 1986. A primeira foi o centro de lazer nos antigos galpões, incluindo oficinas de artesanato, biblioteca e salão de convivência.

Na segunda etapa, foram construídos os dois prédios do bloco esportivo, inaugurados em 1986. Eles são ligados por passarelas, que concentram atividades físicas, como quadras, piscina e salão de ginástica.

Segundo o Iphan, o Sesc Pompeia é considerado um marco da arquitetura brasileira, "referência arquitetônica nacional e internacional e um dos mais importantes centros de convivência e de cultura da cidade de São Paulo”.

Edição: Armando Cardoso

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