Exposição em São Paulo apresenta heranças do período colonial brasileiro

Publicado em 12/12/2015 - 22:33 Por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil - São Paulo

Obra de Jaime Lauriano, que faz parte da exposição Empresa Colonial, em cartaz na Caixa Cultural São Paulo

Obra de Jaime Lauriano, que faz parte da exposição Empresa Colonial, em cartaz na Caixa Cultural São PauloDivulgação

A exposição Empresa Colonial, que apresenta os reflexos do período colonial brasileiro na formação da cultura e da estrutura social e política do país, foi inaugurada hoje (12) na Caixa Cultural São Paulo, na Praça da Sé, centro da capital paulista.

Obras de cinco artistas brasileiros contemporâneos – Beto Shwafaty, Bruno Baptistelli, Clara Ianni, Jaime Lauriano e Lais Myrrha – pretendem evidenciar a continuidade das relações de dominação e de exploração da terra e do homem que permeiam a história do país desde o período em que o Brasil era colônia de Portugal até os dias atuais. Segundo o curador Tomás Toledo, as relações exploratórias se deram por parte dos colonizadores em relação aos nativos, mas se perpetuaram dentro da sociedade brasileira, tornando-se um trauma não superado.

“Com base nas minhas pesquisas em história do Brasil e na análise da atualidade, comecei a ficar bastante interessado em estudar os reflexos do período colonial na atualidade. Como certas perspectivas, modos de agir e maneiras de pensar do período colonial se mantêm na nossa atualidade, como isso nos afeta e como isso molda nossa sociedade”, disse o curador. Ele percebeu que os artistas também tinham essas inquietações e, a partir dessa troca, começou a moldar a exposição.

Na obra O Tempo Corre para o Norte, a arista Lais Myrrha apresenta uma ampulheta invertida, na qual o tempo corre na direção contrária. O objeto levanta a problemática da dominação da metrópole sobre a colônia e faz uma alusão à oposição Norte (desenvolvido) e Sul (subdesenvolvido).

O curador destacou ainda a obra de Jaime Lauriano, chamada Quem não Reagiu Está Vivo, coletânea de textos e imagens com diversas formas de violência do Estado brasileiro contra as populações nativas, as minorias e a população de baixa renda, entre outros. “O Jaime começa com uma imagem da repressão no período colonial, em que os portugueses estão reprimindo um quilombo, o Quilombo dos Palmares. Depois, passa para a imagem de um mapa falando sobre a exploração da mão de obra dos povos indígenas, escravizados pelos portugueses”, explicou Toledo.

A obra traz uma sequência de situações históricas que revelam essas violações, chegando até a acontecimentos recentes que tomaram os jornais. Segundo o curador, o público poderá perceber como essa violência é uma prática regulada pelo Estado, bastante atual e presente na sociedade brasileira.

“[O artista] vai andando até a devastação das florestas, o extermínio dos povos indígenas, com a imagem de uma placa da fundação da rodovia Transamazônica, no século 20. Até chegar a uma imagem de repressão em uma reintegração de posse no terreno do Pinheirinho, que ficou muito famosa há um tempo, em que o governador [de São Paulo] Geraldo Alckmin falou 'quem não reagiu está vivo'. É bem atual”, disse o curador.

A exposição fica em cartaz até 28 de fevereiro de 2016. A entrada é gratuita.

Edição: Wellton Máximo

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