Museu do Amanhã teve dia dedicado aos trabalhadores que o construíram

Publicado em 18/12/2015 - 23:27 Por Cristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - Museu do Amanhã, na Praça Mauá. Dedicado à ciência, o público poderá ter experiências modernas com instalações interativas, imaginando os próximos 50 anos (Cristina Índio do Brasil/Agência Brasil)

Museu do Amanhã, na Praça Mauá. Dedicado à ciência, o público poderá ter experiências modernas com instalações interativas, imaginando os próximos 50 anosCristina Índio do Brasil/Agência Brasil

As portas do Museu do Amanhã, na região portuário do Rio, estarão abertas ao público em geral, neste sábado (19), mas hoje (18) o dia no museu foi exclusivamente para os trabalhadores que o construíram e seus parentes. Eles puderam conhecer cada espaço do museu e experimentar as sensações de obra artística ali apresentada.

O marteleteiro Josuel Pereira Lima, levou os filhos. Ele trabalhou no local nos últimos nove meses e participou da parte final da construção do espelho água que fica nas laterais do prédio, escorrendo para a Baía de Guanabara. “Deixar a estrela retinha [no centro do espelho d’água] foi difícil, mas todo o trabalho e o suor valeram muito a pena”, disse.

Josuel

O marteleteiro Josuel Pereira Lima, levou o filho para conhecer o museu. Ele trabalhou no local nos últimos nove meses e participou da parte final da construção do espelho águaClarice Barreto/assessoria de Comunicação da Cdurp

O ajudante de produção Weverton dos Santos, de 31 anos, foi com a mulher e o filho de 3 anos. Weverton é eletricista e estava orgulhoso do trabalho que fez no museu. “É muito gratificante ver meu filho crescer sabendo que as mãos do pai dele ajudaram a construir esse museu. Realmente, custo a acreditar que participei de algo tão grandioso”, afirmou.

No Rio desde 2008, quando chegou para procurar emprego, o pedreiro piauiense Francisco de Lima, de 57 anos, foi trabalhar na obra depois que um amigo o avisou sobre a existência de vagas na obra. “Estou muito emocionado. Durante esse tempo, minha família permaneceu no Piauí e vivi sozinho no Rio. Foi uma época difícil, de muita saudade. Mas hoje vejo que tudo valeu à pena”, disse. Francisco acrescentou que toda vez que passar pelo local vai lembrar que fez parte da história e prometeu levar, em breve, a família para ver de perto o museu que ajudou a construir. “Sei que minha família sempre sentirá muito orgulho de mim”.

O presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), Alberto Silva, comemorou a integração da nova Praça Mauá com a população e especialmente poder ter a presença de quem ajudou a construir a mudança. “Não tenho conhecimento de um equipamento público dessa magnitude ser entregue, em primeiro lugar, àqueles que trabalharam na sua construção. É emocionante ver os trabalhadores que viraram a massa, instalaram as vigas, e que até ontem estavam aqui ajustando os últimos detalhes, desfrutarem deste espaço. É uma iniciativa simbólica do amanhã que desejamos”, disse.

À tarde foi a vez de moradores e frequentadores da região portuária entrarem no museu como convidados. Marlene de Araújo, de 62 anos foi com a filha Taiana de Araújo, de 27. Ela é professora de português e literatura do Mosteiro São Bento, que é vizinho do novo espaço cultural. A filha é professora de música. Para quem trabalha com artes a visita foi renovadora. “Este lugar é um manancial de material didático para qualquer educador, pois é uma aula agradável aos olhos e aos ouvidos. Acho que uma palavra resume o amanhã: deslumbrante”, afirmou Marlene.

A moradora do bairro da Saúde, que fica perto do museu, a educadora Lúcia Maria Rodrigues Leite, de 62 anos, foi acompanhada dos netos Lucas, de 8 anos, e Luiza, de 4. Para a educadora, a Praça Mauá que estava degradada antes das obras influenciava na autoestima de quem conheceu o local na década de 1950. Segundo ela, naquela época mulheres portuguesas e espanholas, costumavam exibir colchas estampadas nas calçadas e sentiam orgulho de morar lá.

Rio de Janeiro - O prefeito Eduardo Paes inaugura sala de visitação do Museu do Amanhã, em construção no Pier Mauá, zona portuária do Rio (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

 As obras de construção do Museu do Amanhã começaram em 2011 e chegou a reunir cerca de 1.200 operários, que trabalharam por 24 horas em três turnos Tânia Rêgo/Agência Brasil

“Com o passar do tempo, o abandono da região atingiu um nível insuportável ao ponto de famílias tradicionais irem embora. Pensei que essa transformação seria impossível de acontecer, porém, o jogo virou e virou de forma belíssima”, disse prometendo levar os netos e seus coleguinhas muitas vezes à Praça Mauá.

Pelos cálculos da Cdurp, 4 mil pessoas visitaram hoje o Museu do Amanhã, entre operários, moradores e famílias que vivem locais vizinhos da região portuária.

Projeto

O projeto do Museu do Amanhã é do arquiteto espanhol Santiago Calatrava numa iniciativa da prefeitura do Rio, com a Fundação Roberto Marinho e patrocínio máster do Banco Santander.

O arquiteto espanhol Santiago Calatrava, que assinou o projeto, espera que os cariocas tomem o museu como seu e que realmente ele sirva não apenas às gerações atuais, mas as que estão por vir

O arquiteto espanhol Santiago Calatrava, que assinou o projeto, espera que os cariocas tomem o museu como seu e que realmente ele sirva não apenas às gerações atuais, mas as que estão por virCristina Índio do Brasil/Agência Brasil

As obras de construção começaram em 2011 e chegou a reunir cerca de 1.200 operários, que trabalharam por 24 horas em três turnos. O prédio tem formas inspiradas nas bromélias do Jardim Botânico e mede 338 metros de comprimento e 20 metros de altura. A instalação conta com um auditório de 400 lugares, loja, cafeteria e restaurante. Na parte externa, além do espelho d’água, tem jardins, ciclovia e espaço de lazer, em uma área total de 34,6 mil metros quadrados.

A abertura para o público será com o Viradão do Amanhã, uma programação com 36 horas de duração. As apresentações que começam às 10h deste sábado seguem até as 18h de domingo com shows do cantor Diogo Nogueira, do bandolinista Hamilton de Holanda e da Orquestra Sinfônica Brasileira.

Edição: Aécio Amado

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