Festival é marcado por shows e críticas à extinção do Ministério da Cultura

“Aqui é um país de democracia, minha opinião sobre [a extinção do]

Publicado em 15/05/2016 - 08:54 Por Sayonara Moreno - Correspondente da Agência Brasil - Salvador

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Público lotou as arquibancadas em festival que celebra a reabertura da Concha Acústica em SalvadorSayonara Moreno/Correspondente da Agência Brasil 

O segundo dia do festival que celebra a reabertura da Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, deu espaço a artistas locais e nacionais, na noite de sábado (14). O público lotou as arquibancadas e esperou, ansioso, pela entrada da primeira atração.

Pontualmente, às 19h, o cantor baiano Carlinhos Brown subiu ao palco e trouxe canções que se alternavam do romântico ao axé. Brown interagiu com o público diversas vezes, jogando pipoca sobre as pessoas, distribuindo flores às mulheres em frente ao palco e chegou a descer ao encontro do público, já no fim da apresentação.

O cantor baiano Lazzo Matumbi também se apresentou, como convidado de Brown. Ele criticou o redesenho ministerial feito pelo presidente interino da República, Michel Temer, e a extinção do Ministério da Cultura. Na plateia, também houve manifestações sobre o tema com cartazes com os dizeres "Cultura sim. Golpe não". O público também se manifestou contra o presidente interino gritando frases como "Fora Temer".

Brown aproveitou a oportunidade para dar sua opinião sobre a extinção do ministério. “Aqui é um país de democracia, minha opinião sobre [a extinção do] Ministério da Cultura é que é um tiro no pé. Nós estamos unânimes quanto a isso. Meu Brasil está intacto em meu coração, na forma de ser e na forma de respeitar as pessoas. Espero que todos cheguem a um caminho bonito, mas a democracia está pedindo um Ministério da Cultura”, disse o cantor.

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Carlinhos Brown se apresenta no segundo dia do Festival Eu Sou a ConchaSayonara Moreno/Correspondente da Agência Brasil

Durante a canção Ashansú, Carlinhos Brown fez uma saudação ao orixá Obaluaê, que faz parte do candomblé, religião à qual Brown é adepto.

“Estou muito feliz, só quero agradecer, fiz um repertório não apenas carnavalesco e amei essa oportunidade de trazer essas outras canções. A pele com pele é importante, sobretudo porque hoje tivemos um momento ímpar, a presença de Obaluaê [orixá]. Ele estava tão presente porque ele tirou a minha touca, ele me quis com o cabelo pra fora. Esse é um país onde a miscigenação floresce e traz surpresas. Que o Brasil se compreenda como miscigenado e único. Hoje foi um dia em que essa cultura se manifestou”, disse Brown após o show.

A segunda atração da noite foi a banda Baiana System, que convidou ao palco o cantor Ney Matogrosso. O vocalista da banda, Russo Passapusso, também fez várias referências ao atual cenário político brasileiro, posicionando-se contra o presidente interino. No meio do show, Russo pediu ao público que levantassem os cartazes que criticavam o governo interino. Ele também fez referência à extinção do Ministério da Cultura dizendo “devolvam minha cultura”.

A participação de Ney Matogrosso levou a multidão a aplausos demorados e uma recepção calorosa. O cantor ícone da Música Popular Brasileira iniciou sua participação cantando Sangue Latino, seguiu com O Vira e cantou O Tempo Não Para, do cantor Cazuza, morto em 1990. As canções, segundo o próprio Matogrosso, foram escolhidas pela banda Baiana System, com quem ensaiou a apresentação.
“O Vira, eu não canto há muitos anos. Como a banda pediu, eu toquei com o maior prazer, mas foi muito engraçado pra mim”, comentou o cantor.

“Essa Concha Acústica foi onde eu pisei, pela primeira vez, como artista, em Salvador. Sempre tive esse desejo enorme de voltar. Estar aqui na reinauguração foi um prazer porque é um espaço icônico aqui na Bahia. Esse lugar sempre provoca essa emoção, por isso essa ansiedade de voltar, porque o público fica muito perto de você. O público da Bahia sempre foi muito receptivo comigo”, completou Ney Matogrosso, adiantando que retorna aos palcos de Salvador no dia 12 de novembro deste ano.

O administrador de empresas Marivaldo dos Santos disse que aguardava com ansiedade a volta do funcionamento do local. O baiano, que atualmente mora no Rio de Janeiro, disse que veio à cidade apenar para prestigiar o festival.

“Para mim, aqui é o melhor espaço para shows em Salvador, sem dúvida. Aqui já vi Bethânia, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, já vi Ney Matogrosso e muitos outros artistas. Gosto muito de todos que subiram ao palco. E, para domingo, eu já garanti meu ingresso assim que abriram as vendas. Aqui é intimista, a gente escolhe ficar em pé ou sentado. E com a reforma ficou melhor ainda, mais moderna”, disse Marivaldo.

Neste domingo (15) será a vez do grupo Novos Baianos se reunir no palco da Concha Acústica. Os ingressos para o show da banda esgotaram em uma hora e meia de vendas. Devido à enorme procura, uma nova apresentação foi marcada para segunda-feira (16).

O Festival Eu Sou a Concha é transmitido pela TV Brasil (saiba como sintonizar) e pela Rádio Nacional. Quem preferir também pode acompanhar os shows pela internet, no Portal EBC.

Edição: Lílian Beraldo

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