Corte de verbas do governo estadual prejudica Festival Folclórico do Amazonas

Publicado em 25/06/2016 - 19:57 Por Bianca Paiva - Correspondente da Agência Brasil - Parintins (AM)

Festival Folclórico do Amazonas chega a sua 60 edição

Festival Folclórico do Amazonas chega a sua 60ª ediçãoCleomir Santos/Divulgação Secretaria de Cultura do AM

O tradicional Festival Folclórico do Amazonas, que está previsto para ocorrer em julho, completa 60 anos em 2016, mas a comemoração está ameaçada por falta de recursos. O evento é um dos que foram atingidos pelo corte de verbas para o setor de Cultura, anunciado pelo governo amazonense, por causa da crise econômica no estado.

Diferentemente do Festival de Parintins, conhecido pelas toadas dos bois bumbás Garantido e Caprichoso, essa festa é caracterizada pela diversidade de ritmos como cirandas, danças nordestinas, quadrilhas, apresentação de tribos, além das toadas dos bois de Manaus. Diversos grupos se apresentam para o público competindo em três categorias: ouro, prata e bronze.

O repasse de recursos para a categoria prata sempre foi feito pela prefeitura está garantido este ano para os 63 grupos escolhidos por edital. Já a ouro recebia verbas do estado e este ano está ameaçada pelo corte. A categoria bronze é uma novidade do festival em 2016. É uma categoria de acesso e será custeada pelos 30 grupos selecionados por edital.

A apresentação dos bois de Manaus, Brilhante, Corre-Campo e Garanhão faz parte da categoria principal. Apesar de também terem ficado sem dinheiro do governo estadual, eles tem patrocínio privado e conseguiram a cessão do Sambódromo para a competição entre eles, prevista para o final de agosto, mas cerca de 70 grupos da categoria ouro não tem outros meios para viabilizar as próprias apresentações.

Patrimônio imaterial

O presidente da Associação dos Grupos Folclóricos do Amazonas, Raimundo Nonato Bentes, lamenta a redução de recursos para o festival. “O Festival é patrimônio imaterial do estado do Amazonas. Inclusive, foi o governador que assinou e sancionou essa lei que foi proposta pela assembleia no ano passado. Seria a edição de número 60, bodas de diamante, e foi, infelizmente, essa decepção toda. Até mesmo no ano olímpico, muitos turistas estarão na cidade de Manaus. Eu acho que faltou planejamento no sentido de apresentar essa vitrine, a cultura popular do estado, o folclore para os turistas”, disse Bentes.

O ex-presidente da Associação Cultural Folclórica Educandense Boi Bumbá Garanhão e atualmente assessor jurídico da Liga Independente dos Grupos Folclóricos de Manaus, Ivo Morais, diz que as associações ainda tentam negociar com a prefeitura de Manaus verbas para a categoria ouro. “Nós estamos tentando uma audiência com o prefeito para ver de que forma a prefeitura poderia, se tivesse condições, ao menos agilizar uma estrutura para que acontecesse a disputa da categoria ouro sem dinheiro. Porque o estado não dá nem dinheiro, nem local e estrutura. O governo do estado abandonou completamente”, disse Ivo.

O diretor de Cultura da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Márcio Braz, prefere não comentar sobre a situação da categoria ouro por ser atribuição do governo estadual, porém, ele informou que representantes dos três bois de Manaus solicitaram apoio do órgão. “Eles solicitaram um apoio nosso, um apoio financeiro e logístico, do qual nós estamos estudando a possibilidade de apoio. Somente para esses três grupos que foram os únicos da categoria ouro que nos procuraram”, disse o diretor.

Festival Folclórico do Amazonas chega a sua 60 edição

A previsão é que o festival ocorra a partir da segunda quinzena de julhoCleomir Santos/Divulgação Secretaria de Cultura do AM

Márcio Brás informou que, para a realização das categorias prata e bronze, a prefeitura de Manaus disponibilizou o Centro Social Urbano (CSU), do Bairro Parque Dez de Novembro, que passa por reforma. A previsão, de acordo com ele, é de que as apresentações ocorram durante 12 dias a partir da segunda quinzena de julho.

Cortes

O governo amazonense diz que a redução de gastos é necessária para enfrentar a crise econômica. O governo do Amazonas estima que a redução de gastos na cultura vai gerar uma economia de R$ 35 milhões, que poderão ser destinados à saúde. Os cortes também vão atingir as áreas de esporte e turismo.

O secretário estadual de Cultura, Robério Braga, disse, em maio, que o corte vai atingir cerca de 30 eventos e não afetará as atividades e empregos da secretaria na capital e no interior. “As atividades que dependem de patrocínio, apoio cultural de infraestrutura e logística nesse momento é que deixarão de tê-los”, disse.

A expectativa do governo amazonense é economizar cerca de R$ 500 milhões até o fim de 2016 com a redução no custeio da máquina pública e de contratos e com o reordenamento de serviços de saúde.


 

Edição: Fábio Massalli

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