Garantido e Caprichoso levam religiosidade para o bumbódromo em Parintins

O boi vermelho, o Garantido, abriu a segunda noite do Festival de

Publicado em 26/06/2016 - 08:49 Por Bianca Paiva - Correspondente da Agência Brasil - Parintins (AM)

Os bois Garantido e Caprichoso deram mais uma mostra da criatividade e da diversidade cultural dos povos da Amazônia na segunda noite do Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas. O boi Garantido entrou na Arena do Bumbódromo às 20h desse sábado (25). O vermelho encantou os brincantes ao abordar a tradição e a fé da alma cabocla de Parintins, muito marcada pela religiosidade.

Um dos itens que é avaliado pelos jurados é a figura típica regional. O Garantido apresentou os Romeiros de Nossa Senhora do Carmo, que costumam participar todos os anos, no dia 16 de julho, da grande proscissão em homenagem à santa padroeira da cidade. A alegoria Romeiros da Fé reproduziu na arena duas imagens gigantes de Nossa Senhora de Nazaré e de Nossa Senhora do Carmo cercadas por anjos. A cantora amazonense Márcia Siqueira interpretou a canção Romaria, levando o público às lágrimas.

 

Boi Garantido na segunda noite do Festival de Parintins

Boi Garantido na segunda noite do Festival de Parintins Bianca Paiva/Repórter da EBC

A mineira Gleice Kelly Ribeiro, que mora na Inglaterra, veio ao festival pela primeira vez. “As músicas, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora Aparecida, foi muito emocionante. Sempre tive vontade de conhecer essa festa e hoje foi uma noite muito especial”.

O marido dela, que é de Parintins, Luís Pontes, é torcedor do Garantido e acredita na vitória do boi vermelho este ano. “Depois de 12 anos, voltei para assistir o festival. Hoje o Garantido está fantástico. Provavelmente vai ser o campeão, como sempre. E a gente está muito feliz de estar aqui prestigiando a festa”.

Boi Caprichoso

A religiosidade também esteve presente na apresentação do boi Caprichoso, que começou pontualmente às 23h. O azul abordou na segunda noite do festival a temática “Viva Nossa Floresta”. No item, figura típica regional, Nossa Senhora do Carmo também estava representada em uma grande escultura como parte da alegoria O Pescador. O boi azul ressaltou a importância do trabalho desse profissional e da pesca tradicional de subsistência, característica da região amazônica devido à dinâmica de enchentes e vazantes dos rios.

Valéria Moura, moradora de Manaus e torcedora do boi Caprichoso, é apaixonada pela forma que a cultura dos povos da amazônia é representada na arena. “O que mais me emociona é a cultura popular, a cultura do povo parintinense. Cada item que passa aqui na arena é uma emoção diferente, não sei nem como explicar. Toda a vez que a gente vem para o bumbódromo, a gente fica emocionado, não tem como não ficar”.

O boi Caprichoso, na primeira noite do Festival de Parintins

Boi Caprichoso encerrou a segunda noite do festival  Bianca Paiva/Agência Brasil

Nildo Rodrigues, que veio da cidade de Monte Alegre (PA), está confiante no bicampeonato do Caprichoso.

“É um orgulho imenso estar aqui hoje vendo essa vitória do nosso boi. Se Deus quiser, é o bicampeonato. Estou cheio de felicidade. Esperei 10 anos para estar aqui hoje, curtindo e vivendo esse momento histórico do nosso boi bumbá Caprichoso”.

Os indígenas da Amazônia também foram representandos durante o Festival de Parintins. Ritual indígena é mais um item avaliado pelos jurados e costuma ser reproduzido pelos bois em grandes alegorias. O Garantido apresentou um ritual do povo indígena Kanamari, que até hoje mantém viva a prática do xamanismo, que envolve crenças, espiritualidade e até um pouco de magia. Já o Caprichoso representou, por meio da alegoria Monhagaripi, um ritual funerário indígena, contando a prática de se cultuar por vários dias, ou até meses, os mortos.

A segunda noite do Festival Folclórico de Parintins encerrou na madrugada, com o Caprichoso. E será o boi azul o responsável por abrir a última noite do evento neste domingo, às 20h, com a temática Viva Nossa Gente. O boi vermelho, o Garantido, fará o encerramento, abordando o Folclore Amazônico.

Edição: Carolina Pimentel

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