Santa Teresa promove nova edição do projeto Arte de Portas Abertas

Publicado em 09/10/2016 - 14:32 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Cinquenta e oito artistas, 31 ateliês e 13 espaços culturais de Santa Teresa, tradicional bairro do centro do Rio de Janeiro, participaram neste fim de semana da 26ª edição do projeto Arte de Portas Abertas, organizado pela Associação dos Artistas Visuais de Santa Teresa (Chave Mestra). A ideia, segundo Dony Gonçalves, um dos organizadores do evento, é “abrir os ateliês, as galerias e espaços culturais para mostrar a produção múltipla, em vários suportes, dos artistas de Santa Teresa ligados à associação”.

Segundo Gonçalves, o projeto reúne a cada edição um público superior a 20 mil pessoas. Para ele, esse é um sinal de que a cultura está em alta na cidade. “É um evento que acontece desde os anos de 1990 e, a partir de 2003, com apoio da Associação dos Artistas Visuais, que fundaram a entidade para estruturar melhor esse evento, está entre os 100 melhores [eventos] do calendário do Rio de Janeiro. É um evento que já deu certo”, destacou.

Este ano, o projeto está sendo revitalizado a partir dos conceitos do associativismo e coletivismo. Nesta edição, o projeto fez parcerias com a rede de gastronomia do bairro, no circuito Arte sobre a Mesa. Os visitantes puderam apreciar ainda, dentro da programação, palestras e visitas guiadas aos museus Chácara do Céu e Casa de Benjamin Constant.

O projeto Arte de Portas Abertas reúne pintura, desenho, gravura, fotografia, cerâmica, escultura, objetos e algumas instalações. As obras expostas têm preços que variam de R$ 40 até R$ 3 mil.

Receptividade

A artista visual Miriam Miranda expõe seus trabalhos durante o evento desde 2009. Para ela, o projeto é uma janela para sua arte. “A gente tem contato com as pessoas. É o público. Não é o curador, o comprador específico, mas o público de modo geral, que dá um retorno para a gente. Na minha concepção de arte, só concluímos o nosso trabalho quando o espectador observa o trabalho e dá um retorno. Aí, conseguimos perceber se o objetivo está sendo alcançando. Quando o público percebe, coisas novas acontecem, outras ideias e leituras aparecem. Essa receptividade é fantástica. O Arte de Portas Abertas permite isso.”

Cenógrafa, Miriam Miranda desenvolve sua arte por meio de pintura e objetos com tecidos.

O artista Piá faz intervenções com grafite em muros da cidade. Este ano, a convite do Arte de Portas Abertas, ele voltou a Santa Teresa, onde morou alguns anos. “Eu continuo enxergando Santa Teresa como morador”. Sobre o projeto, foi categórico: “O que for bom para o bairro é bom para a gente”.

Com apoio da Casa dos Empreendedores Urbanos (CEU), os visitantes podem conhecer também um pouco da cultura indígena brasileira na Casa Ashaninka, povo que habita o Rio Amônia, no Acre. O Projeto Ashaninka tem o intuito de fortalecer e capacitar os índios dessa etnia, ensinando como tirar proveito financeiro da floresta sem desmatar. Na Casa Ashaninka, o público tem oportunidade de conhecer produtos confeccionados pelos indígenas e, inclusive, experimentar suas pinturas.

Arte é tudo

Para a professora Helena Maria da Costa Silva, o evento deveria ter, no mínimo, duas edições por ano. “É lindo ver as pessoas abrirem suas casas e perder essa coisa de se trancar para o vizinho, poder receber o outro, ser anfitrião da vizinhança da cidade.”

As designers de interiores Luci Rosane Dutra e Cristina Ferrarezi acharam o projeto muito interessante. Elas contam que já conheciam o Circuito das Artes do Jardim Botânico, evento similar que ocorre anualmente no bairro do mesmo nome, na zona sul carioca, mas esta foi a primeira vez que decidiram subir Santa Teresa para apreciar as obras dos artistas locais. 

O aposentado Flávio Antonio Dias Ramos mora em um sítio no sul de Minas Gerais. Carioca, morou próximo de Santa Teresa durante a vida e não perde a oportunidade de rever a cidade sempre que pode. A eleição municipal foi a deixa que esperava desta vez. Veio votar e  acompanhou amigos que queriam conhecer o bairro. Flávio considera o projeto Arte de Portas Abertas maravilhoso. "Abre a cabeça de quem vem olhar. Arte é tudo”, definiu.

Edição: Lílian Beraldo

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