"O artista é para-raio da sociedade", diz Felipe Gracindo a Roseann Kennedy

Publicado em 18/09/2017 - 07:42 Por Da Agência Brasil - Brasília

O ator Felipe Gracindo, da Cia G7, conversa com Roseann Kennedy - Foto TV Brasil

O ator Felipe Gracindo, da Cia G7, conversa com Roseann Kennedy - Foto  TV Brasil

Há dezesseis anos, ele sobe aos palcos para levar o público a dar boas risadas. Felipe Gracindo, ator e comediante vencedor do Prêmio Multishow de Humor em 2016, desponta como um dos grandes talentos da comédia do país. Ele é o entrevistado de hoje (18) do programa Conversa com Roseann Kennedy, da TV Brasil, que vai ao ar às 21h30.

Junto com mais três amigos, Rodolfo Cordón, Benetti Mendes e Frederico Braga, Felipe fundou em 2001 a Cia. de Comédia G7, que se transformou numa grande família. Desde então, são mais de 30 peças encenadas, cinco prêmios nacionais e raros os fins de semana em que eles não estão nos palcos. Neste bate-papo, Felipe fala de seu trabalho corporal que encantou o público e sobre o dom de fazer inúmeras imitações.

Ele lembra que tudo começou no tempo de escola, quando fazia imitações na fila da cantina. “Eu imitava o dinossauro na escola, eu entrava na lanchonete para fazer a galera rir. Isso foi o precursor. O que me fez acabar indo para o teatro foi essa energia de fazer imitação, de brincar com as pessoas, esse lado corporal que uso muito no teatro.”

Para Felipe Gracindo, a comédia corporal foi a maneira que encontrou para se conectar com as pessoas. Ele diz que as imitações e o trabalho com o grupo G7 surgiram na sua vida como diversão. “A gente queria se divertir no fim de semana. E como éramos criativos para contar histórias, foi a forma que a gente achou para mostrar isso. Tem gente que faz música, faz uma banda e toca com a galera, toca em barzinhos. Então, a gente começou a se apresentar por pura diversão”.

Dessa parceria surgiram espetáculos irreverentes como "Casais felizes emagrecem juntos”, “Manual de sobrevivência ao casamento” e o clássico candango “Como passar em concurso público”. Para Felipe, as peças estão sempre retratando diferentes fases da vida, onde o processo de criação leva em conta a identificação com o público, trazendo à tona os temas do cotidiano. “É dessa realidade que as pessoas riem. E a gente tá precisando rir um pouquinho neste Brasil nosso”.

Quando se trata da inspiração para os personagens das peças, fica claro que ela pode vir de várias fontes. Felipe revela que muitas vêm da observação do cotidiano.“O artista é um para-raio da sociedade, você está sempre antenado. Por isso que a gente não consegue viajar e se desconectar cem por cento. Numa viagem, uma pessoa diferente, um lugar diferente, um jeito de falar, uma comida, tudo isso serve de alimento, de subsídio para você criar coisas novas”.

Na sua opinião, o teatro é uma verdadeira escola, onde é possível ter o privilégio da experimentação e a interatividade com o público. “No teatro, você coloca as suas ideias e tem a plateia como seu diretor imediato, principalmente na comédia.”

Quanto a investir em novos veículos, como televisão e internet, mídia em que o grupo G7 pretende apostar mais, Felipe diz que nada se compara a ter liberdade de criação. E diz que essa é uma das grandes preocupações do grupo teatral. Ele defende a internet como um espaço mais democrático.  “Muitas vezes, na televisão, você não pode falar tudo que quer. Tem que seguir um padrão, ou molde, que um programa quer passar. Já na internet, não. Você faz aquilo que realmente quer. E, muitas vezes, quando você faz o que realmente quer, tem muita verdade dentro daquilo. E essa verdade é o que toca as pessoas”.

Felipe conclui a conversa com humor e poesia: “Tem que rir, né? Rir para não chorar. Cervantes já dizia isso, que a comédia é a língua da alma”.

Edição: Graça Adjuto

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