Cacique de Ramos enfrenta polêmica no carnaval deste ano

Internautas alegam, nas redes sociais, que fantasia de índio é racismo

Publicado em 10/02/2018 - 11:10 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - Blocos de rua tradicionais, como Cacique de Ramos e Bafo da Onça, entre outros, desfilam pelo centro do Rio (Vladimir Platonow/Agência Brasil)

Blocos de rua tradicional, o Cacique de Ramos desfila pelo centro do Rio -Vladimir Platonow/Arquivo Agência Brasil

O bloco de embalo Cacique de Ramos esquenta os tamborins para sair a partir de amanhã (11) no carnaval carioca, pela 57ª vez. Fundado no dia 20 de janeiro de 1961, no aniversário do Rio de Janeiro, no bairro de Ramos, zona norte da capital, o Cacique é um dos principais blocos da cidade. Entre seus componentes estão os integrantes do grupo de samba Fundo de Quintal, que se originou do próprio bloco, e o cantor Zeca Pagodinho.

Este ano, o bloco, que reúne mais de 6 mil componentes a cada ano, enfrenta polêmica divulgada nas redes sociais, que alega que a fantasia de índio é racismo. O diretor do Cacique de Ramos, Ronaldo Felipe, vê a fantasia como uma homenagem aos índios, não só brasileiros, mas norte-americanos. “Não há desrespeito, nem intenção de gerar ofensa”, disse hoje (10) à Agência Brasil. Ele lembrou que vários índios, inclusive, frequentam a quadra do bloco. “Essa polêmica não tem sentido nenhum”.

A opinião é compartilhada por Afonso Apurinã, presidente da Associação Centro de Referência da Cultura dos Povos Indígenas Aldeia Maracanã. Ele não vê nenhuma ofensa e nem tem nada contra as pessoas se fantasiarem de índio. “Acho que o bloco de embalo exalta e mostra a cultura indígena. Desde que exalte a cultura e faça um desfile voltado para a cultura e falando da cultura indígena, sem desrespeito, acho que não tem nada a ver essa polêmica”.  O Cacique de Ramos “está divulgando a nossa nação, o nosso povo, nossa cultura”, disse Apurinã.

O professor de antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mércio Gomes, não vê nenhum desrespeito em relação aos índios no carnaval. “Há uma homenagem a eles, como há homenagem ao pirata, ao árabe e a outras figuras interessantes”, disse Gomes. “A maioria das brincadeiras que eu vejo no carnaval é uma homenagem a uma figura quase simbólica do Brasil”. Ele reconheceu, contudo, a existência de um grupo forte de indígenas que segue a orientação de que fantasiar-se de índio significa chacota, piada. Outro segmento releva a brincadeira ou vê aspecto positivo nela, uma homenagem ao povo indígena como um todo, comentou.

O cacique de Ramos faz sua concentração na Rua México, a partir das 15h, no domingo (11), segunda (12) e terça-feira (13), com desfile programado para as 17h, na Avenida Chile, no centro do Rio.

Edição: Graça Adjuto

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