Anistia Internacional lança campanha pela liberdade de manifestação na Copa

Publicado em 08/05/2014 - 18:02 Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Manifestantes, em apoio aos ex-moradores do prédio da Oi, no Engenho Novo, zona norte da capital fluminense, protestou em frente a sede da prefeitura do Rio de Janeiro (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Desde a Copa das Confederações, uma série de protestos tem ocorrido no Brasil. Na foto, protesto realizado, em abril, por manifestantes que apoiaram os ex-moradores do prédio da Oi, no Rio de Janeiro (Tomaz Silva/Agência Brasil)Tomaz Silva/Agência Brasil

Foi lançada hoje (8) a campanha mundial “Brasil, chega de bola fora”, promovida pela Anistia Internacional. O objetivo é defender o direito à liberdade de expressão e manifestação pacífica durante a Copa do Mundo, tendo em vista os projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional e que podem levar à restrição de direitos e à criminalização de manifestantes.

Foram mobilizadas 20 seções da Anistia Internacional em diversos países para coletar assinaturas online nos endereços cartaoamarelo.org.br e aiyellowcard.org. A petição será entregue à presidenta Dilma Rousseff e ao presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, no início de junho.

De acordo com a assessora de direitos humanos da Anistia Internacional Brasil, Renata Neder, a petição pretende dar um cartão amarelo ao governo brasileiro, como um aviso de que o mundo inteiro está de olho na garantia do direito à manifestação pacífica.

A campanha defende a regulamentação do uso de armas chamadas de “menos letais”, além de treinamento adequado aos agentes de segurança que atuam em manifestações. “A gente teve muitos casos de uso excessivo e desnecessário da força durante esses protestos, inclusive com o uso inadequado das armas chamadas menos letais, como gás lacrimogêneo e bala de borracha, o que resultou em muitas pessoas lesionadas, inclusive com lesões graves, que perderam o olho, perderam a visão, foram severamente agredidas pela polícia”, diz Renata.

Ela também destaca o uso inadequado da legislação para enquadrar os manifestantes detidos. “Em São Paulo, foi a Lei de Segurança Nacional; no Rio de Janeiro, a Lei de Organizações Criminosas. Muitas pessoas sendo enquadradas pelo crime de formação de quadrilha, uma legislação que não tem nada a ver com o contexto dos protestos, e sim com o crime organizado. Na nossa avaliação, isso é uma tentativa de criminalizar os manifestantes”, afirma.

Outro problema, segundo a Anistia Internacional, é a falta de investigação dos abusos cometidos pelas forças de segurança. “Não há mecanismos claros de investigação e responsabilização dos eventuais abusos cometidos pela polícia, então todas essas denúncias feitas por manifestantes que sofreram agressões e violações não estão sendo devidamente investigadas e os responsáveis não estão sendo levados à Justiça, isso é muito grave”.

Em junho do ano passado, em meio à escalada de violência registrada em passeatas, a Anistia Internacional enviou para todos os governadores e secretários de Segurança Pública dos estados um guia de boas práticas para o policiamento de manifestações. Ele foi feito com base em princípios estabelecidos pela ONU e traz recomendações às autoridades sobre modos de ação policial que assegurem o direito às manifestações pacíficas e evitem incidentes violentos. O documento completo, em inglês, está disponível na internet.

Durante o lançamento da campanha, a Anistia Internacional informou que vai monitorar as manifestações que devem ocorrer durante a Copa do Mundo e relatar qualquer abuso que seja cometido.

Edição: Helena Martins

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