Ato em São Paulo quer mobilizar sociedade pela busca de crianças desaparecidas

Publicado em 31/03/2015 - 21:02 Por Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

Para marcar o encerramento da Semana Nacional de Mobilização para a Busca e Defesa da Criança Desaparecida, o movimento Mães da Sé e o Conselho Federal de Medicina (CFM) fizeram um ato na tarde de hoje (31), na Praça da Sé, no centro da capital paulista, para mobilizar a sociedade para o problema dos desaparecimentos, calculados em cerca de 50 mil pessoas por ano, no país. Estima-se também que quase 250 mil pessoas estejam desaparecidas no Brasil.

“Em São Paulo, no ano passado, desapareceram 33 mil pessoas, das quais 28 mil foram localizadas. São Paulo é o estado onde mais desaparecem pessoas – cerca de 100 por dia – de acordo com dados da própria Delegacia de Pessoas Desaparecidas”, disse Ivanise Esperidião da Silva Santos, fundadora e presidenta do movimento Mães da Sé, que este ano completa 19 anos de existência – mesmo tempo de desaparecimento de sua filha.

“Infelizmente, não temos uma estatística precisa, porque não temos cadastro unificado de pessoas desaparecidas. É uma situação vergonhosa, mas é a nossa realidade”, disse Ivanise. Segundo ela, um cadastro nacional foi lançado pelo governo federal em 2010, mas “nunca chegou a operar”. Por isso, ela questiona: “Como é que o governo diz que desapareceram 40 mil crianças por ano e, se você entrar no cadastro, aparecem apenas 341 [crianças desaparecidas] no sistema? Vivemos o mais profundo descaso e abandono em todas as esferas de governo”.

Para Ivanise, o número de desaparecimentos no país é alto porque se trata, em sua opinião, “de um fenômeno social” que “atinge as famílias de classes sociais muito baixas. São mães desconhecedoras de seus direitos, crianças que estão em situação de vulnerabilidade e que são alvos fáceis de serem induzidas e levadas para adoção ilegal, tráfico de órgãos e exploração sexual. A criança que está fugindo de casa está fugindo de um conflito familiar, mas essa é fácil de achar. A criança que se perde é geralmente levada para um abrigo e também é fácil de achar. Mas a criança que é levada para fins criminosos é muito difícil de se achar”, observou a ativista, em entrevista à Agência Brasil.

Há algumas medidas que podem ajudar a evitar o desaparecimento, principalmente de uma criança. Segundo o movimento, uma delas é ensinar, desde cedo, o nome completo e o telefone dos responsáveis para a criança. Também é importante que ela tenha um documento de identidade e seja orientada a não dar informações a estranhos, não aceitar alimentos ou sair com pessoas estranhas. “As crianças desaparecem sempre em situações em que estejam sozinhas, sem o olhar de um adulto”, alertou Ivanise.

Para evitar o alto número de desaparecimentos, o CFM está desenvolvendo uma campanha de conscientização de médicos, orientando os profissionais a prestarem atenção nas pessoas que acompanham as crianças nos hospitais e instituições médicas, e a solicitarem a documentação desses acompanhantes. “É comum a criança, nas primeiras horas após o desaparecimento, precisar de consulta médica, disse Carlos Vital Tavares Côrrea Lima, presidente do CFM.

Outra iniciativa, informou o Ministério Público, será a criação de um cadastro estadual de desaparecidos em São Paulo, que deverá ficar pronto no meio deste ano. “A priori, são órgãos públicos estaduais como as polícias Militar e Civil, Serviço de Verificação de Óbitos, Instituto Médico-Legal, Instituto de Identificação, Secretaria Estadual de Saúde e Ministério Público. Todos vão ter que alimentar o mesmo banco de dados que já foi montado virtualmente”, explicou a promotora Eliana Vendramini, coordenadora do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos, que existe desde novembro de 2013.


Fonte: Ato em SP quer mobilizar sociedade para a busca de crianças desaparecidas

Edição: Stênio Ribeiro

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