Coral de crianças refugiadas no Brasil pede paz no mundo

Publicado em 19/06/2015 - 21:30 Por Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Um coral formado por crianças de diversos países, que vivem no Brasil na condição de refugiadas, pediu hoje paz no mundo. Vestidas de branco e acompanhadas pela atriz e cantora Letícia Sabatella, as crianças cantaram Heal de World (Cure o mundo), de Michael Jackson, e chamaram todos: “Venha, já é hora de acender a chama da vida e fazer a terra inteira feliz”.

Coro infantil Coração Jolie, formado por crianças refugiadas que vivem no Brasil, participa de evento para marcar o Dia Mundial do Refugiado, celebrado em 20 de junho (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Coro infantil Coração Jolie, formado por crianças refugiadas que vivem no Brasil, participa de ato público, no Trem do Corcovado, para marcar o Dia Mundial do Refugiado, celebrado em 20 de junho        Tomaz Silva/Agência Brasil

O ato pela paz fez parte das ações do Dia Mundial do Refugiado, celebrado amanhã (20). Por causa da frente fria, o evento, que seria no Cristo Redentor, foi transferido para o Espaço Cultural do Trem do Corcovado, no Cosme Velho. A estátua foi iluminada com a cor azul no início da noite. A pequena Verônia Mira Gusaneb, do Sudão do Sul, agradeceu a acolhida que recebeu no país há quatro anos e pediu ajuda para as 30 milhões de crianças que vivem atualmente como deslocadas ou refugiadas.

“Todos os anos milhões de crianças são obrigadas a deixar suas casas, por causa da guerra. Muitas vivem em campos de refugiados, sem poder estudar ou brincar. Eu peço que vocês ajudem essas crianças que não tiveram a mesma sorte que eu. Este é um ato pela paz, feito por crianças que não querem mais saber o porquê de tudo isso. O que a gente quer saber é até quando”, disse ela.

De acordo com o secretário nacional de Justiça e presidente do Conselho Nacional para Refugiados (Conare), Beto Vasconcelos, o número de pedidos de refúgio no Brasil aumentou muito nos últimos dois anos. Ele explicou que 7.946 pessoas são reconhecidas como refugiadas no país, e há cerca de 14 mil processos em análise pelo órgão, que está passando por uma reestruturação para que a avaliação dos pedidos seja feita em até seis meses.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados promove evento, no Espaço Cultural do Trem do Corcovado, no Cosme Velho, para marcar o Dia Mundial do Refugiado, celebrado em 20 de junho (Tomaz Silva/Agência Brasil)

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados promove apresentação do coral infantil de refugiados no Brasil   Tomaz Silva/Agência Brasil

“O Brasil é historicamente um país construído por imigração, com pessoas vindas de todo o mundo. É um país acolhedor, indiscutivelmente compreende e tem a sensibilidade de saber que essas pessoas estão fugindo de situações de perseguição, de conflitos armados e de grandes violações de direitos humanos. É óbvio a solidariedade de recebê-los, afinal somos todos migrantes aqui”, segundo ele.

A lei brasileira estabelece que aquele que estiver em território nacional e solicitar refúgio já tem a garantia e proteção, e pode tirar documentação, carteira de trabalho e se inserir na sociedade com assistência médica e educacional. Apresentadora do evento, a atriz Malu Mader disse que ficou emocionada e impressionada quando soube do número de refugiados no mundo.

Ela ressaltou que “desde a Segunda Guerra Mundial não havia um número tão grande de refugiados, são 60 milhões, sendo 30 milhões de crianças e jovens no mundo todo. Porque a humanidade chega às vezes num ponto tão absurdo desse? A única coisa que a gente tem para se alegrar é que o nosso país tem recebido essas pessoas e acolhido”.

De acordo com o representante no Brasil do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Andrés Ramirez, o número de deslocados e refugiados no mundo atualmente é recorde. “Nós estamos vivendo uma situação trágica, onde as guerras antigas continuam, como as do Iraque e do Afeganistão; conflitos como na República Democrática do Congo, que não para e está piorando; e ainda estão surgindo conflitos novos. Então, conflitos novos com conflitos velhos fazem com que o número de refugiados forçados tenha aumentado demais, [bem como] o número de pessoas que, depois de ter sido deslocados, forçados a nível interno, tiveram que atravessar uma fronteira internacional para procurar refúgio”.

Segundo Ramirez, Síria e Afeganistão são os países que têm mais cidadãos refugiados atualmente.

Edição: Stênio Ribeiro

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