Prédio onde funcionou Dops em BH dará lugar a memorial de Direitos Humanos

Publicado em 09/04/2018 - 20:47 Por Léo Rodrigues – Repórter da Agência Brasil - Belo Horizonte

O edifício onde funcionou o extinto Departamento de Ordem Política e Social (Dops), na região centro-sul de Belo Horizonte, dará lugar ao Memorial dos Direitos Humanos Casa da Liberdade. O projeto é do governo de Minas Gerais e foi apresentado hoje (9) no Palácio da Liberdade, na capital mineira.

A criação do memorial no prédio que abrigou o Dops foi uma recomendação do relatório final da Comissão da Verdade em Minas Gerais, apresentado em dezembro do ano passado. O documento traz o resultado das investigações sobre as violações de direitos humanos no estado entre 1946 e 1988, com foco maior sobre o período em que vigorou o regime militar.

Durante a ditadura, as estruturas do Dops foram utilizadas para prisão e tortura de militantes e opositores. O edifício é um dos 98 locais em Minas Gerais utilizados para a repressão, conforme aponta o relatório da Comissão da Verdade. O próprio governador Fernando Pimentel (PT) chegou a ficar preso no edifício.

De acordo com o projeto, o Memorial dos Direitos Humanos Casa da Liberdade terá salão para exposições e eventos culturais, espaços para oficinas e seminários, salas para reuniões e um centro de pesquisa sobre a história política do país que reunirá documentos de repressão produzidos tanto no período da ditadura militar como do Estado Novo. "A implantação do memorial ainda tem como objetivo conscientizar os cidadãos sobre os acontecimentos do passado para evitar que eles caiam no esquecimento e não se repitam no futuro", acrescenta nota divulgada pelo governo de Minas.

A proposta foi elaborada com a contribuição da historiadora Heloísa Starling, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde coordena o Projeto República, núcleo de pesquisa e documentação da história recente brasileira, criado em 2001. O projeto arquitetônico é assinado por Gringo Cardia. Como o edifício do Dops foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) em 2015, as intervenções deverão ser realizadas conforme as diretrizes existentes para a proteção ao patrimônio.

Edição: Denise Griesinger

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