Comitê estuda medidas para prevenir assassinato de adolescente no Rio

Publicado em 10/05/2018 - 13:24 Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) reuniu 22 instituições públicas, institutos de pesquisa e movimentos sociais para criar o Comitê para a Prevenção de Homicídios de Adolescentes no Rio de Janeiro. A iniciativa foi lançada hoje (10) e é a segunda do tipo no Brasil, seguindo o exemplo do Ceará.

O lançamento foi marcado pela apresentação de dados alarmantes sobre esses homicídios, além de relatos de jovens negros e de uma mãe que teve o filho assassinado aos 19 anos.

Segundo o Unicef, 335 adolescentes foram assassinados na cidade do Rio de Janeiro em 2016, e 269 deles eram negros. O Brasil é país do mundo que mais mata adolescentes em números absolutos. Em 2015, foram 11.403 assassinatos de pessoas de 10 a 19 anos. O patamar supera todas as mortes desse tipo registradas em todos os países do continente asiático, o que inclui nações em conflito, como a Síria.

A representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer, destacou que a situação do país é grave a nível internacional, com o registro de 28 mortes de adolescentes por dia.

"Atualmente, é mais perigoso ser adolescente do que ser adulto no Brasil. A probabilidade de ser assassinado sendo adolescente mais é alta do que sendo adulto", disse. "O Brasil fez muito na redução da mortalidade infantil. Vocês salvaram milhares de vidas a cada ano de crianças que não morreram antes dos seis anos. Agora, elas estão morrendo na adolescência".

O grupo se reunirá com regularidade para estudar o perfil dessas mortes no estado e propor soluções para preveni-las. Participam órgãos como o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Defensoria Pública estadual, três comissões da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, as secretarias estaduais de direitos humanos e segurança pública e a prefeitura do RIo de Janeiro. Pelo lado da sociedade civil, integram o grupo entidades como o Movimento Moleque, o Observatório de Favelas e o Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Ceará

A experiência da Unicef com o comitê do Ceará começou em 2016, quando foi mapeado que Fortaleza era a capital brasileira com a maior letalidade violenta de adolescentes. O trabalho realizado permitiu identificar a trajetória desses adolescentes vitimados, o que evidenciou que, além de negros e pobres, eles também estavam, em muitos casos, afastados da escola há mais de seis meses.

"Isso permite orientar a politica pública. Ficamos sabendo que a escola, além de ser importante para a formação da criança e do adolescente, é uma forma também de proteção", disse Florence, que contou que os dados ajudaram a fortalecer as ações de busca ativas por crianças e adolescentes que estão fora da escola.

*Matéria ampliada às 14h50 para acréscimo de informação sobre a experiência da Unicef no Ceará

Edição: Valéria Aguiar

Últimas notícias
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, durante cerimônia de posse do diretor-geral da PF, na sede da corporação, em Brasília.
Justiça

AGU pede ao STF apuração de posts com divulgação de decisões de Moraes

O jornalista Michael Shellenberger divulgou na rede social X decisões sigilosas de Alexandre de Moraes. Para AGU, há suspeita de interferência no andamento dos processos e violação do sigilo dos documentos.