Manutenção de incentivo fiscal tem pouco impacto sobre PIB, dizem especialistas

Publicado em 30/06/2014 - 20:33 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, como essencial para manter o emprego e a produção no país, a prorrogação dos incentivos fiscais para as indústrias de veículos e de móveis é paliativa. Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a manutenção das alíquotas reduzidas contribuirá pouco para reverter o baixo crescimento da economia.

Professor titular de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Reinaldo Gonçalves acredita que as desonerações setoriais são ineficazes, tanto no curto como no longo prazo. “São medidas que beneficiam apenas setores da economia com poder político para pressionar o governo, mas trazem pouco benefício para a sociedade”, diz.

No caso da desoneração dos automóveis, o professor ressalta que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) prejudica a mobilidade urbana, porque o governo abre mão de recursos que poderiam estar sendo investidos na estrutura de transporte coletivo. “O Brasil está cheio de automóveis. No longo prazo, os incentivos não fazem sentido. No curto prazo, os estímulos pouco ajudarão o PIB [Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país] por causa da escassez de crédito e do endividamento da população”, destaca.

Professor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), Samy Dana também critica as desonerações setoriais. Segundo ele, as medidas ajudam apenas alguns empresários, sem resolver problemas estruturais da economia. “As desonerações transferem muito pouco [crescimento] para o PIB. São medidas apenas pontuais, que contribuem de forma limitada para melhorar a economia”, comenta.

Samy Dana diz que para tornar o Brasil competitivo e fazer a economia crescer de forma sustentada, o governo precisa resolver problemas estruturais. “Essa política de apagar incêndios não resolve muito. O ideal seria o país investir em infraestrutura e fazer uma reforma tributária que simplifique a legislação e reduza o peso dos tributos sobre a economia”, acrescenta.

 

Edição: Stênio Ribeiro

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