Brasil e China podem criar fundo para investimento em projetos de infraestrutura

Publicado em 19/05/2015 - 23:25 Por Michèlle Canes e Paulo Victor Chagas – Repórteres da Agência Brasil - Brasília

Os governos brasileiro e chinês anunciaram nesta terça (19) a intenção de criar um fundo para investimento em projetos de infraestrutura por meio de um acordo entre a Caixa Econômica Federal e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês). O anúncio foi feito pela presidenta Dilma Rousseff após encontro com o primeiro-ministro chinês Li Keqiang.

Segundo o subsecretário-geral político do Ministério das Relações Exteriores, embaixador José Alfredo Graça Lima, o valor de investimento para o fundo pode ser até US$ 20 bilhões. “O primeiro-ministro Li Keqiang se referiu a um fundo, entre US$ 10 bilhões e 20 bilhões da parte chinesa, que poderia ser disponibilizado para financiar projetos de infraestrutura e capacidade produtiva”.

O subsecretário-geral Político do MRE, embaixador José Alfredo Graça Lima, fala sobre a visita ao Brasil do primeiro-ministro da China, Li Keqiang, programada para o dia 19 de maio (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O  embaixador José Alfredo Graça Lima diz que o valor de investimento para o fundo pode chegar a US$ 20 bilhõesMarcelo Camargo/Agência Brasil

Para o embaixador, apesar de o anúncio não fazer parte de nenhum dos acordos firmados esta manhã, ele é uma demonstração de interesse de investimento chinês em áreas importantes para o crescimento do país. As regras para a criação do fundo ainda não foram definidas. Ao todo, durante a visita da comitiva chinesa, foram assinados 35 acordos governamentais e empresariais na área de investimento e comércio.

Os estudos sobre a criação do fundo fazem parte de um memorando de entendimento, assinado entre os dois bancos, para a implementação de projetos de promoção e criação de oportunidades de negócios. De acordo com o vice-presidente de Finanças e Controle da Caixa, Márcio Percival, além do fundo poderão ser criadas outras soluções de financiamentos.

Percival disse que, a partir do memorando assinado, foram definidos planos de trabalho onde serão estabelecidas, no prazo de dois meses, áreas de oportunidades de negócios que sejam prioritárias para os dois países. Segundo ele, serão também definidos os projetos e setores onde os recursos serão aplicados. Na área de infraestrutura, rodovias, ferrovias, aeroportos, telecomunicações, habitação e energia são alguns dos destaques.

“Em 60 dias vamos apresentar quais são os negócios, qual é a modelagem de financiamento, quais os projetos e quais as empresas que, de certa maneira, estão vinculadas a esses projetos”, disse o representante da Caixa. Apesar da previsão inicial, a expectativa é que os investimentos feitos no Brasil sejam ainda maiores. “O apetite dos chineses é fazer um fundo com a Caixa para, com o tempo, chegar a US$ 50 bilhões”.

Outro ponto destacado pelo embaixador Graça Lima foi um documento assinado entre a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão para o desenvolvimento do investimento e cooperação na área de capacidade produtiva. “Esse acordo reúne iniciativas em curso, abre novas oportunidades em áreas como energia elétrica, mineração, infraestrutura e manufaturas”.

O secretário de Assuntos Internacionais do ministério, Cláudio Puty, explicou que foi criado o Comitê de Monitoramento de Investimentos e Promoção de Iniciativas Privadas e Públicas, que terá a missão de acompanhar o desempenho de um memorando assinado no ano passado entre Brasil e China

Segundo Puty, o ministério recebeu dos chineses uma listagem de obras nas quais haveria um interesse de investimento. Ele explica que o valor do interesse não foi descrito no acordo, pois diz respeito a obras que ainda não estão em processo de licitação. “O fato é que temos uma demonstração oficial por parte do governo chinês do investimento, uma listagem do interesse de obras em andamento nos seus diversos estágios”.

Entre os acordos assinados entre Brasil e China, está o que trata de estudos de viabilidade para construção de uma ferrovia para ligar o Brasil ao Oceano Pacífico, passando pelo Peru, a Ferrovia Transoceânica. Os estudos serão feitos pelas três partes envolvidas - brasileiros, peruanos e chineses – e devem ser apresentados aos governos até maio do ano que vem.

Edição: Fábio Massalli

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