Startups e empresas incubadas ainda não sentem efeitos da crise

Publicado em 25/07/2015 - 14:22 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Empresas incubadoras

A empresa incubadora tem 20 anos de existência e, em 2014, conseguiu ampliar em 50% o seu espaço físico Coope/UFRJ

O faturamento de R$ 289 milhões registrado no ano passado pelas 54 empresas graduadas e as 27 empresas nascentes da Incubadora de Empresas do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ) não é fruto de nenhum “milagre”, disse à Agência Brasil a gerente da incubadora, Lucimar Dantas.

“As empresas que a Coppe atende estão em crescimento. São empresas que acabaram de nascer”. A incubadora tem 20 anos de existência e, em 2014, conseguiu ampliar em 50% o seu espaço físico, passando de dois para três prédios, sendo que o terceiro edifício é voltado para a área de petróleo, gás e energia e pode abrigar mais nove empresas. “São dois fenômenos que se somam: o fato de essas empresas estarem em fase de crescimento, o que as leva a ser sempre mais aceleradas que a média e, como são pequenas, são mais ágeis que as demais para mudar. No momento que percebem uma crise, elas têm mais agilidade para mudar o seu direcionamento. Além disso, a incubadora cresceu em capacidade, o que aumenta o bolo”, disse Lucimar. Em relação a 2013, o faturamento aumentou 22%.

Inovação tecnológica

O grande foco das empresas incubadas é a inovação tecnológica e para estarem incubadas, elas têm que interagir de alguma maneira com a UFRJ. Em sua maioria, as empresas incubadas são formadas por alunos ou ex-alunos da Coppe-UFRJ, mas Lucimar Dantas garantiu que não existe restrição à participação de empresas de alunos de outras instituições de ensino superior. Cerca de 50% das empresas incubadas têm negócios e pesquisas relacionados à cadeia de petróleo e gás. A incubadora deverá totalizar até dezembro 30 startups (empresas recém-criadas e rentáveis) incubadas, incluindo quatro que entraram no final de junho. Elas poderão ficar incubadas pelo prazo de três anos e contarão com assessoramento, treinamento e acompanhamento.

A crise econômica também não afetou a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo, disse à Agência Brasil o coordenador técnico do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), entidade gestora da incubadora da Universidade de São Paulo (USP), José Carlos de Lucena. “Não estamos sentindo a crise. É muito cedo. Como a maioria das empresas está em fase de desenvolvimento, isso não afeta”, declarou. O mesmo ocorre, segundo Lucena, em relação às empresas que já estão no mercado. “Ainda não veem o reflexo da crise não”.

A incubadora da USP fechou o mês de junho deste ano com 112 empresas, em diversos estágios de incubação. Até junho, foram graduadas 136 empresas. A maior parte das empresas incubadas desenvolve projetos nas áreas de medicina e saúde, tecnologia da informação (TI) e fármacos, informou Lucena.

Na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (IEBT) da Universidade Federal de Viçosa (MG), a crise econômica não está afetando as startups, disse à Agência Brasil a gerente de Novos Negócios da unidade, Danielle Silveira Leonel. “Está correndo tudo bem”. Segundo ela, não houve até o momento comentários a respeito da crise. A incubadora é multidisciplinar. No momento, ela tem nove empresas nascentes incubadas nas áreas de biotecnologia, alimentos, ciências agrárias, mecânica, tecnologia da informação (TI). “Talvez pelo fato de serem empresas novas, que estão começando agora, elas não estejam sentindo muito a crise”, completou Danielle.

No Instituto Gene-Blumenau, incubadora da FURB-Fundação Universidade Regional de Blumenau (SC), “todo mundo está um pouco retraído com essa crise econômica”, comentou a gerente de Incubação e Empreendedorismo, Shirlei Soares Seubert. Ela ressaltou, porém, que como as empresas incubadas estão em níveis diferentes, as que se acham ainda na fase inicial de projeto conceitual e de validação não estão sentindo muito a crise. As demais, que têm uma comercialização mais forte, para driblar a crise estão “correndo atrás de negócios”. Como seus principais clientes são companhias da construção civil, setor que sofre os efeitos da crise, a saída é “tentar encontrar outro público-alvo”, informou Shirlei. A maioria das empresas do Instituto Gene são da área de tecnologia da informação (TI).

O coordenador da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Pernambuco (Incubatep), Geraldo Magela, informou que as 20 empresas incubadas “estão ainda sem grandes reclamações” junto à coordenação. Advertiu, entretanto, que muitas vezes, “o silêncio também é terrível, porque a gente percebe, quando conversa com eles [empresários emergentes], que o mercado retraiu um pouco”. Na avaliação de Magela, é muito difícil alguma empresa não estar sendo afetada pela crise econômica, porque os custos para a importação de equipamentos subiram, o mesmo ocorrendo em relação à aquisição de produtos e serviços. As empresas incubadas se mostram, porém, otimistas, e esperam que as coisas melhores no país. “Mas eles estão sendo afetados também, com certeza”, manifestou Magela.

Na Região Centro-Oeste, a Incubadora Tecnológica de Empresas da Universidade Católica de Brasília (UCB) tem no momento quatro empresas incubadas que “estão se alicerçando, preparando a base, para poderem entrar no mercado”. O gestor da incubadora, Mauro César Santos Sousa, disse à Agência Brasil que por estarem na fase de construção do planejamento, recebendo acompanhamento e orientação dos instrutores, as empresas nascentes ainda não estão sentindo impacto da crise. As áreas dos empreendimentos são biotecnologia, administração e tecnologia da informação. 

Edição: Valéria Aguiar

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