Fiesp e Firjan culpam governo pelo rebaixamento do Brasil em agência de risco

Publicado em 10/09/2015 - 22:04 Por Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil - São Paulo


Em nota conjunta sobre a perda do grau de investimento do Brasil na classificação de risco da  agência Standard & Poor's, os presidentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), respectivamente Paulo Skaf e Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, disseram estar perplexos “com a inação do governo diante da deterioração crescente do quadro econômico do país”.

Para eles, a perda do grau de investimento “é o desfecho de uma série de hesitações, equívocos e incapacidade de lidar com os desafios de uma conjuntura econômica cujo esfacelamento é resultado de incontáveis erros cometidos ao longo dos últimos anos”.

Na nota, os presidentes das duas federações pedem que o governo implemente um “rigoroso ajuste fiscal no país”, baseado em cortes de despesas, e repudiam “com ênfase” novos aumentos de impostos: “Esta é a receita fácil de sempre, mas a sociedade não aguenta mais pagar a conta da incompetência do Estado”.

“Só reformas estruturais de longo prazo recolocarão o Brasil no rumo do crescimento econômico e geração de emprego. O setor produtivo precisa de menos tributos para voltar a dar conta de girar a roda da economia”, afirmam os presidentes na nota conjunta, ressaltando que, até o final do ano o país corre o risco de ter 1,5 milhão de postos de trabalho perdidos caso nada seja feito. “O Brasil não pode mais esperar”, dizem eles no final do texto.

Para o presidente em exercício da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) Roberto Mateus Ordine, a retirada do grau de investimento do país pela agência Standard and Poor's vai exigir que o governo corte gastos.

“Não faltaram avisos, das agências de risco e do mercado, de que haveria esse rebaixamento. Agora, resta ao governo brasileiro cortar gastos, se conscientizar de que parte do esforço precisa vir dele próprio, e rapidamente, antes que as outras agências também rebaixem o Brasil, o que geraria disparada do dólar e levaria a inflação aos dois dígitos - e isso justamente agora, que a inflação começa a se estabilizar”, disse Ordine, por meio de nota.

Segundo ele, o governo precisa fazer os cortes de gastos, e de forma rápida, para não agravar a recessão e o desemprego no país. “O setor privado não pode arcar com novos aumentos tributários sob pena de agravar mais a recessão e o desemprego. O governo precisa fazer a parte dele no ajuste, conforme prometido; precisa cortar e postergar gastos para obter superávit. Rejeitamos qualquer proposta de aumento porque isso já foi feito”.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo (SindusCon-SP), José Romeu Ferraz Neto, o rebaixamento da nota do país é “um cenário terrível para o setor”, que representa 50% do investimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e “precisa intensamente de crédito para produzir”. Para ele, o setor vai ser afetado por uma menor entrada de capital. “A recessão pode ser mais dura e prolongada e a recuperação será mais lenta e a construção não reage no curto prazo”. Em agosto, o sindicato revisou sua projeção do PIB da construção para o ano de uma retração de 5,5% para uma queda de 7%.

 

Edição: Jorge Wamburg

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