Empresas de Osasco cumprem lei de contratação de pessoas com deficiência

Publicado em 15/02/2017 - 16:39 Por Flávia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil - São Paulo

Em 77 empresas ligadas ao Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, o cumprimento da lei que exige a contratação de pessoas com deficiência chegou a 105,6% no ano passado. Em 2015 o percentual foi de 104,6%. Os dados fazem parte da 11ª Pesquisa Lei de Cotas Trabalhadores com Deficiência no Setor Metalúrgico de Osasco e Região, que procurou medir como as empresas têm cumprido o Artigo 93 da Lei 8.213/91, conhecida como Lei de Cotas. 

Pela lei, empresas com 100 ou mais empregados estão obrigadas a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência.

Segundo a pesquisa, o ramo automotivo chegou a 112% do cumprimento da lei, seguido da laminação e trefilação (108,6%), de máquinas, eletroeletrônicos (102,5%), iluminação (93,9%) e estamparia e fundição (87,9%).

Quando analisada a distribuição por tipo de deficiência, a contratação de deficientes físicos lidera a lista (43,2%), seguida de deficientes auditivos (33,1%), reabilitados (12,2%), visuais (7,1%), intelectuais (3,4%) e múltiplos (1%).

De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, Carlos Aparício Clemente, o fato de a maioria das empresas da região já cumprir a Lei de Cotas é extremamente positivo porque mostra que, aos poucos, o preconceito começa a ser vencido. “Claro que há um grande trabalho sendo feito para isso, mas pudemos ver que pessoas contratadas no início dos anos 2000 continuam na mesma empresa. Hoje, 61% das empresas cumprem a lei integralmente ou além.”

Para Clemente, falta fiscalização do Ministério do Trabalho, devido ao número enxuto de auditores, o que obriga o sindicato a fazer uma ação de envolvimento social e de vigilância. “A conscientização e a informação existem, e os argumentos para o não cumprimento da lei já não colam mais. Dizer que não há gente com deficiência, que não há escolaridade, que a pessoa recebe benefício do governo e não quer trabalhar e que há risco nas empresas são desculpas esfarrapadas que não têm mais sustentação.”

Gerente Regional do Ministério do Trabalho em Osasco, Ronaldo Freixeda, analisa os resultados com otimismo e vê os números como resultado de uma soma de ações, não só do Ministério do Trabalho como da sociedade civil, que levam ao conhecimento das empresas informações que ajudam a quebrar o preconceito. “Apesar do momento de crise complicada no país, esses números não caíram e, mesmo sem ação atuante do Ministério do Trabalho por meio de fiscalização, as empresas já começam a mudar culturalmente seu olhar com relação à inclusão.”

Funcionário da Cimpal há 13 anos, Renildo Alcantara da Silva, de 42 anos, é amputado bilateral. Ele conta que passou por diversas funções e atualmente é auxiliar administrativo. “No começo, foi complicado porque eu não sabia como ia ser acolhido. Mas foi muito bom, porque me colocaram em locais onde eu pude executar as tarefas sem risco e estou muito bem atualmente. Lá já havia pessoas com deficiência e isso me fez sentir mais confortável.”

Airton Aparecido dos Santos Reis, de 30 anos, é deficiente auditivo e teve sua primeira oportunidade de trabalho na Cimpal, há 11 anos. Ele conta que era inexperiente e não sabia como trabalhar, porém recebeu treinamento de seu supervisor para a função. “Tudo sempre foi feito com muita paciência e educação. Eles escreviam o que eu tinha que fazer e me ensinavam como fazer para não ocorrer nenhum acidente. A Cimpal foi uma oportunidade para mim, e minha vida mudou depois de começar a trabalhar”, disse Airton, que contou com a ajuda de um intérprete.

Edição: Lílian Beraldo

Últimas notícias