Déficit em contas públicas sobe 77,1% em agosto, informa BC

Publicado em 28/09/2018 - 11:20 Por Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil - Brasília

O setor público consolidado, formado pela União, estados e municípios, registrou saldo negativo nas contas públicas em agosto, de acordo com dados divulgados hoje (28) pelo Banco Central (BC). O déficit primário, receitas menos despesas, sem considerar os gastos com juros, ficou em R$ 16,876 bilhões, resultado 77,1% maior do que de igual período de 2017, quando chegou a R$ 9,529 bilhões.

Em agosto, o resultado negativo veio do Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional), que apresentou déficit primário de R$ R$ 20,851 bilhões, contra R$ 9,916 bilhões em igual mês de 2017.

“Basicamente, tivemos no mês de agosto um crescimento das despesas superior à evolução das receitas”, disse o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, ao explicar o resultado negativo do Governo Central. Ele destacou que o déficit do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) continua a crescer e, em agosto, foi o maior já registrado, chegando a R$ 18,017 bilhões.

Os governos estaduais e municipais tiveram saldo positivo. Os governos estaduais registraram superávit de R$ 3,348 bilhões, e os municipais, de R$ 36 milhões. As empresas estatais federais, estaduais e municipais, excluídas as dos grupos Petrobras e Eletrobras, tiveram superávit primário de R$ 592 milhões no mês passado.

Rocha explicou que, em agosto, os estados e municípios tiveram aumento das transferências da União referentes royalities de petróleo. “Esse aumento de transferências decorre fundamentalmente de uma melhora de preços no mercado internacional e não necessariamente ocorre em meses de agosto”, explicou.

Nos oito primeiros meses do ano, houve déficit primário de R$ 34,7 bilhões, contra resultado também negativo de R$ 60,850 bilhões em igual período de 2017.

No acumulado em 12 meses encerrados em agosto, as contas públicas ficaram com saldo negativo de R$ 84,433 bilhões, o que corresponde a 1,25% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.

A meta para o setor público consolidado é de déficit de R$ 161,3 bilhões neste ano.

Os gastos com juros ficaram em R$ 60,052 bilhões em agosto, contra R$ 36,012 bilhões no mesmo mês de 2017. Segundo Rocha, esse aumento das despesas com juros no mês decorre de perdas do BC com operações de swap cambial (venda de dólares no mercado futuro). Essas perdas chegaram a R$ 28,6 bilhões no mês passado. Nos meses em que o dólar sobe, como ocorreu em agosto, o BC tem prejuízo com as operações de swap.

Os resultados são transferidos para os juros da dívida pública.De janeiro a agosto, essas despesas chegaram a R$ 288,789 bilhões, contra R$ 271,078 bilhões em igual período de 2017. Em 12 meses encerrados em agosto, os gastos com juros somaram R$ 418,537 bilhões, o que corresponde a 6,2% do PIB.

O déficit nominal, formado pelo resultado primário e os resultados dos juros, atingiu R$ 76,928 bilhões no mês passado ante R$ 45,541 bilhões de agosto de 2017.

De janeiro a agosto, o resultado nominal ficou em R$ 323,490 bilhões, ante R$ 331,928 bilhões em igual período do ano passado. Em 12 meses, o déficit nominal ficou em R$ 502,970 bilhões, o que corresponde a 7,45% do PIB.

Dívida pública

A dívida líquida do setor público (balanço entre o total de créditos e débitos dos governos federal, estaduais e municipais) chegou a R$ 3,459 trilhões em agosto, o que corresponde 51,2% do PIB, com redução de 1 ponto percentual em relação a julho (52,2% do PIB).

Essa redução da dívida líquida é explicada pela alta do dólar. A dívida pública cai quando há alta do dólar porque as reservas internacionais, o principal ativo do país, são feitas de moeda estrangeira.

Em agosto, a dívida bruta – que contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais – chegou a R$ 5,224 trilhões ou 77,3% do PIB, com crescimento de 0,1 ponto percentual em relação a julho.

* Matéria alterada às  12h35 para acréscimo de informações

Edição: Nádia Franco

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