Devolução de plataformas de petróleo infla importações do país

Equipamentos já operam no Brasil, mas estavam registradas no exterior

Publicado em 03/09/2018 - 18:13 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília

O crescimento das importações, que está diminuindo o saldo da balança comercial, não se deve unicamente à recuperação da economia. As compras externas estão sendo infladas pela devolução de plataformas de petróleo, que precisam ser internalizadas no país até 2020.

Em agosto, uma plataforma registrada na China, mas que operava no Brasil, voltou a fazer parte do patrimônio de uma empresa brasileira. O impacto sobre a balança comercial só não foi maior porque, também no mês passado, o Brasil exportou uma plataforma de petróleo para o Panamá.

Plataforma de petróleo
Plataforma de petróleo - Arquivo Agência Brasil

As devoluções de plataformas de petróleo ocorrem desde julho. Isso porque as novas regras do Repetro estabelecem alíquotas menores para a importação de bens de capital (máquinas e equipamentos usados na produção). O retorno das plataformas ao Brasil – no papel – ocorrerá gradualmente até 2020.

As operações com as plataformas de petróleo inflaram as importações em agosto, mesmo com o crescimento das vendas externas. No mês passado, o Brasil importou US$ 18,777 bilhões, alta de 35,3% sobre agosto do ano passado pelo critério da média diária. As exportações totalizaram US$ 22,552 bilhões, alta de 15,8%, também pela média diária. Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), esse foi o segundo maior volume de exportações para meses de agosto, só perdendo para 2011.

Argentina

O secretário de Comércio Exterior do MDIC, Abrão Neto, disse que a crise cambial na Argentina tem desacelerado as exportações brasileiras para o país vizinho. Ele acrescentou que o governo continuará monitorando à evolução da crise para avaliar possíveis impactos sobre a balança comercial. Segundo o secretário, nos últimos quatro meses, o valor das vendas do Brasil para a Argentina tem caído.

“A Argentina é o terceiro principal parceiro comercial do Brasil, representa em torno de 7% a 8% das nossas exportações. Obviamente, o desempenho econômico da Argentina está diretamente relacionado ao desempenho comercial do Brasil”, disse Abrão Neto. Apenas em agosto, as exportações do Brasil para a Argentina caíram 4,8% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Hoje, o presidente argentino, Jorge Macri, anunciou o corte de ministérios e a taxação das exportações para reduzir o rombo fiscal. Segundo Abrão Neto, a princípio, a tarifa sobre as exportações argentinas não deverá ter impacto significante sobre o Brasil porque o país não compra ou compra pouco a maioria dos produtos taxados pelo governo argentino, como soja e carne. Ele, no entanto, evitou comentar se a medida afetará as vendas de trigo, produto que o Brasil importa em grande quantidade do país vizinho.

Edição: Davi Oliveira

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