Legado da Olimpíada para a educação é tema de debate no Rio

Publicado em 13/10/2015 - 23:26 Por Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
Atualizado em 19/10/2015 - 14:46

O legado dos Jogos Olímpicos Rio 2016 para a educação foi tema de debate hoje (13) no Rio, no Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio, criado em 2003 na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A secretária-geral do fórum, Geiza Rocha, lembrou que a educação olímpica é uma das recomendações previstas na agenda 2020, lançada no ano passado para fortalecer os valores olímpicos na sociedade e discutir o legado social dos Jogos. “É uma preocupação, é um legado intangível que de fato muda a vida desses jovens e faz com que eles também possam experienciar o que é viver no país em que as Olimpíadas estão acontecendo”.

O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Lamartine da Costa disse, ao abordar a questão, que o principal problema dos programas de educação olímpicos é a falta de continuidade. “Está tudo bem com os Jogos Olímpicos, não vai ter nenhum problema, parabéns para os governos, para tudo que está acontecendo, teremos um final feliz, certamente. Mas o problema atrás disso é manter uma continuidade e obter um resultado que melhore o aspecto educacional. A cidade vai mudar, mas a educação não tem o proveito que poderia ter, que seria o esporte”.

Para ele, o programa educacional do Comitê Olímpico Rio 2016, chamado de Transforma, está tendo ótimos resultados, porém, não foca no que poderia ocorrer pós-2016. “No ano que vem, quando acabar os Jogos Olímpicos, desmobiliza tudo. Nos outros países que tiveram Olimpíadas isso aconteceu”.

Mas, para o professor da Universidade de Coventry, no Reino Unido, Leonardo Mataruna, desde Atenas 2004 os programas de educação olímpica têm deixado um legado importante na área educacional. “Em Atenas começou muito antes, e teve uma continuidade forte em todas as escolas da Grécia. Foram adotados livros que não ficavam restritos apenas à educação física escolar, mas envolvia todas as disciplinas, língua estrangeira, matemática física e química aplicados aos Jogos Olímpicos. O programa da China foi superior na massificação, foram milhões de pessoas sendo educadas ao mesmo tempo, não de uma forma multidisciplinar, foi utilizado apenas dentro da educação física escolar”.

Segundo Mataruna, o Transformar tem uma proposta excelente, mas o número de escolas atendidas ainda é pequeno na comparação com a quantidade de escolas existentes no Brasil, além de ter sido lançado tarde, muito em cima dos Jogos. “O programa que os Jogos Rio 2016 tem proposto é realmente muito interessante, muito importante, que renova a concepção do esporte para a educação física escolar, ele é inovador, mas se entende que ele começou um pouco tarde. Deveria ter começado quatro anos ou oito anos atrás para que justamente a população pudesse coletar os benefícios e pudesse colocar em prática o conhecimento esportivo e de cidadania, e outras tendências de valores durante os Jogos Olímpios, e que isso também tivesse uma continuidade”.

A professora de educação física da rede estadual do Rio de Janeiro Heloísa Landim disse que faltou vontade política para envolver as crianças do país no espírito olímpico. “Equipamentos públicos, ginásios, piscinas e pistas, todas as cidades que vão sediar a Olimpíada têm que ter. Nós precisamos pensar mais adiante e ter um diferencial que é o lucro social. E esse lucro social está justamente na ponta, no investimento no aluno, na escola, na educação física escolar, que é tão colocada em terceiro plano”, afirmou.

O programa Transforma atua em parceria com as escolas e oferece material didático digital sobre os movimentos Olímpico e Paralímpico, sugestões de experimentação esportiva e cursos de formação para professores de educação física, além de propor desafios para estimula o ambiente escolar. Qualquer escola do país pode acessar o conteúdo pelo site http://www.rio2016.com/educacao/.

Diretamente, o programa atende, desde 2013, 3 mil escolas públicas com 3 milhões de alunos nos estados de Minas Gerais, do Amazonas, do Distrito Federal e do Rio de Janeiro, com visitas periódicas, acompanhamento das atividades e promoção de cursos presenciais, além de visita de atletas olímpicos e paralímpicos. Não há previsão de continuação do programa após os jogos do ano que vem e o Transforma não oferece apoio financeiro nem equipamentos esportivos para as escolas participantes. O programa não tem o intuito de formação de novos atletas.

* Matéria alterada às 14h46 do dia 19/10/2015 para correção de informação. Diferentemente do informado pelo programa, o Transforma atende 3 mil escolas públicas em três estados e no Distrito Federal, e não 15 escolas na cidade do Rio de Janeiro. 

Edição: Aécio Amado

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