Estudantes ocupam 19 escolas da rede pública estadual em Goiás

Publicado em 16/12/2015 - 21:02 Por Da Agência Brasil - Brasília

Estudantes de Goiás ocuparam hoje (16) ao menos sete escolas da rede pública de ensino do estado. Eles são contra reformas anunciadas pelo governo estadual, que pretende transferir a administração das instituições de ensino estaduais para organizações sociais. Pelo menos 19 escolas estão ocupadas na capital, Goiânia, e no interior, segundo a organização do movimento.

As ocupações ocorrem em 10 escolas de Goiânia; duas de Aparecida de Goiânia; seis em Anápolis e uma em Cidade de Goiás. Inspirados nas ocupações ocorridas em São Paulo, as manifestações dos estudantes de Goiás começaram há uma semana, após o governador Marconi Perillo autorizar a formalização da parceria que transfere a gestão das escolas da rede estadual para organizações sociais, que são entidades privadas filantrópicas.

A intenção é que as entidades comecem a atuar no primeiro semestre do próximo ano. Segundo o governo, além de cuidar da administração e da infraestrutura, as organizações poderão contratar tanto professores quanto funcionários administrativos.

Os estudantes são contra a decisão do governo estadual e consideram a medida negativa, pois foi uma decisão tomada sem diálogo com as escolas. Para os  estudantes, trata-se de uma privatização da educação pública.

“O estado está simplesmente assinando um atentado de incompetência na gestão da educação. Para nós, é uma entrega das escolas. O estado sucateou e, agora, coloca uma organização privada, que visa ao lucro ou a outro benefício, para gerenciar”, disse o diretor da União Goiana dos Estudantes Secundaristas (Uges) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Gabriel Tatico.

Segundo Tatico, os estudantes só vão deixar os colégios quando o governo desistir da mudança na administração das escolas. A Secretaria de Educação informou que as escolas estão em período de prova e que os alunos fazem as avaliações em unidades próximas às ocupadas, sem prejudicar o fim do ano letivo.

Reintegração negada

Ontem, a Justiça de Goiás negou o pedido do governo do estado de reintegração de posse de escolas ocupadas na capital.

Para o juiz Eduardo Tavares dos Reis, o ato é um protesto dos estudantes e professores e não tem o objetivo de privar o estado da propriedade. O fato de adolescentes e crianças estarem entre os manifestantes também foi levado em conta na decisão. O juiz disse que a ação policial poderia levar a danos físicos e psicológicos aos estudantes.

Contra a mudança

Em nota divulgada hoje, a Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG) se posicionou contra o repasse da administração das escolas para as organizações sociais por entender que não é desta forma que o “estado alcançará o objetivo de construir uma escola estadual verdadeiramente pública, laica, gratuita e de qualidade para todos” e que a gestão entregue a organizações sociais “constitui um processo de terceirização da oferta da educação pública”.

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás também é contra a mudança

Secretaria quer diálogo

A Secretaria de Educação diz que respeita a legitimidade da livre manifestação e informa que está e sempre esteve aberta ao diálogo. “A escola permanecerá pública e gratuita”, ressalta a secretaria, acrescentando que o novo modelo não vai alterar os direitos de professores e servidores administrativos efetivos.

A secretaria também reforça que não se trata de privatização ou terceirização do ensino público, mas de uma parceria para garantir agilidade na resposta às demandas da sociedade pelo acesso a uma educação pública de qualidade para todos.

Edição: Maria Claudia

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