Rio: alunos da rede pública fazem assembleia paralela à de professores em greve

Publicado em 11/03/2016 - 06:33 Por Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - Professores da rede estadual, estudantes secundaristas e Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais protestam contra medidas do governo estadual (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Professores, estudantes secundaristas e servidores públicos fazem protesto no Rio - Fernando Frazão/Agência Brasil

Em meio à greve dos profissionais de educação no estado do Rio de Janeiro, alunos de escolas públicas fazem hoje (11), pela primeira vez, uma assembleia paralela à dos servidores. Além de dar apoio à greve – que completa dez dias neste sábado (12) –, os estudantes se organizam para cobrar melhorias estruturais nos colégios, merenda em tempo integral e material para as aulas. Desde o início da paralisação, eles participam de protestos no centro do Rio e em todo o estado.

“As escolas estaduais estão sem condições de ter aula e os estudantes sentem isso”, afirma a presidenta da Associação Municipal do Estudantes Secundaristas (Ames), Isabela Queiroz, uma das organizadoras da assembleia, juntamente com grêmios estudantis, coletivos da juventude e da própria União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), da qual ela faz parte.

Inspirados nos estudantes de Goiás e São Paulo, onde unidades foram ocupadas por jovens que chegaram a acampar nas escolas, a ideia dos estudantes do Rio é ouvir relatos de problemas e unificar as reivindicações. “Hoje estou em uma escola de cerca de mil alunos que só tem um bebedouro e banheiros precários”, disse Isabela, que tem 17 anos e é aluna da Escola Técnica Adolpho Bloch, no centro do Rio. Ela visita unidades, convidando para a assembleia.

Ouvidos pela Agência Brasil, alunos relatam precariedade nas instalações de ensino e cobram material básico para as aulas, como impressoras e até canetas e apagadores. “Professores em sala de aula apagam o quadro com papel ou com a mão”, citou Vanessa Christyna de Sousa, de 17 anos, da Escola Albert Sabin, em Seropédica, na Baixada Fluminense.

“Na nossa escola, a Presidente Dutra, o ventilador corre o risco de despencar, o ar-condicionado não funciona e o teto de uma sala já caiu”, contou a aluna Swellen Reis, que também é de Seropédica.

Outro problema recorrente é a demora na emissão do Riocard, usado para pagar a passagem de ônibus. Muitas vezes, alunos contam com a boa vontade de motoristas para embarcar, em outras, não. “Muitos chegam atrasados, outros não vem. Há meses em que a situação não é regularizada”, disse a professora Marcela Mariana Nogueira, que dá aula em duas escolas.

A Secretaria Estadual de Educação reconhece problemas de infraestrutura e estima serem necessários recursos de R$ 1 bilhão para resolvê-los. A pasta solicitou reparos nos equipamentos quebrados em Seropédica e informou que em cada sala de aula há, pelo menos, um ar-condicionado. Também negou problemas no Riocard e afirmou que o sistema funciona normalmente.

A assembleia dos estudantes será às 10h, em local próximo ao marcado pelos servidores da educação, na Praça Afonso Pena, na Tijuca. Eles chegam ao local nos mesmos ônibus que os servidores, que se reunirão no Clube Municipal, no mesmo bairro.

Matéria alterada para correção de informação - a Escola Técnica Adolpho Bloch fica no centro do Rio e não em Seropédica

Edição: Graça Adjuto

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