Coluna - Copa América de bocha paralímpica mostra força brasileira

Medalhas são importantes, mas maior conquista é a união do grupo

Publicado em 07/10/2019 - 17:44 Por William Douglas - Comentarista do programa Stadium da TV Brasil. A coluna do comentarista será publicada pela Agência Brasil semanalmente às segundas-feiras. - São Paulo

Terminou no sábado em São Paulo a edição 2019 da Copa América de bocha paralímpica. O Brasil sai do torneio com nove vagas garantidas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Foram três medalhas de ouro nas disputas de pares e equipes, além de dois ouros, três pratas e dois bronzes. As finais individuais foram realizadas na quinta-feira (3), antes do início das disputas coletivas. E dali já era possível perceber que os dois dias seguintes seriam de vitórias para o Brasil.

Logo após o fim da cerimônia de premiação, a delegação brasileira se reuniu. Atletas, auxiliares, técnicos, juntos, discutiram os próximos dias. A bocha promove uma situação curiosa, onde os mesmos atletas que se enfrentam em duelos diretos individualmente, formam equipes e precisam jogar juntos logo na sequência. Rivalidade é um termo que carrega alguns estigmas e peso, mas é preciso controlar o impulso competitivo e a individualidade para trabalhar por um ideal de equipe.

Antes mesmo da conversa em grupo, tive a oportunidade de falar com alguns atletas. E confesso que me impressionei com a clareza das respostas e o foco que encontrei. Evelyn Oliveira, que recentemente foi campeã dos Jogos Parapan-Americanos na classe BC3, ficou com o bronze na Copa América. Um resultado que ela mesma admitiu ser aquém do esperado. Mas que, nem por isso, a fez procurar culpados fora ou desculpas. Ela reconheceu ter jogado abaixo da expectativa e disse ter sido difícil disputar uma medalha que não fosse a de ouro. Apesar disso, recuperou-se mentalmente e ainda conquistou uma medalha, acompanhada de pontos importantes no ranking mundial, que passa agora a ser o caminho de classificação para Tóquio. Evelyn encerrou a entrevista dizendo ainda que a partir daquele momento torceria por Evani Calado, brasileira que jogaria a final da classe BC3 logo na sequência.

Instantes depois, falei com Eliseu Santos, que venceu uma disputa emocionante na classe BC4, ficando com a medalha de ouro. Em uma partida marcada por reviravoltas, decidida apenas no tie break, Eliseu superou o rival colombiano, levantando a torcida na arquibancada. Ao pergunta-lo sobre o sentimento de garantir uma vaga individual em Tóquio, ele foi direto – disse que agora tinha uma responsabilidade muito grande, e que ainda havia a disputa por equipes pela frente. A comemoração existiu, mas foi contida e não desviou o foco.

O ganho físico proporcionado pelo paradesporto é algo que ninguém tem dúvidas, mesmo em uma modalidade onde o nível de comprometimento físico-motor é grande, como a bocha. Mas vendo tantas pessoas reunidas logo após a cerimônia de premiação, conversando e discutindo sobre o quanto um trabalho em equipe bem feito traz benefícios coletivos, não tive dúvidas em ver que os benefícios do esporte vão muito além do corpo.

Edição: Verônica Dalcanal

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