Coluna - Sombras que iluminam

Função dos atletas-guia vai muito além do instante da prova

Publicado em 06/11/2019 - 17:26 Por William Douglas - Comentarista do programa Stadium da TV Brasil. A coluna do comentarista será publicada pela Agência Brasil semanalmente - São Paulo

Doze atletas sem deficiência começam na próxima quinta (7) a busca por medalhas para o Brasil no Mundial de Atletismo Paralímpico. São atletas-guia, aqueles que acompanham os deficientes visuais nas disputas. Ao todo, a delegação brasileira no mundial terá 17 deficientes visuais, mas apenas parte deles conta com os guias, pois alguns competidores, com baixa visão, conseguem competir sozinhos.

Ser atleta-guia não é uma tarefa simples. A rotina de treinos é exatamente a mesma de um atleta de alto rendimento. E os tempos percorridos, muitas vezes, são próximos aos feitos por atletas do esporte convencional. Não por acaso, é comum encontrar entre os guias atletas que tiveram algum destaque em categorias de base, mas que não decolaram, ou veteranos do esporte convencional.

Durante as provas os guias devem cumprir uma série de exigências. Não podem “puxar” os paratletas, são os responsáveis por não haver a queima na linha que divide as raias e devem dar todo o trabalho de orientação para o competidor. Em provas de longa distância, como os 5 ou 10 mil metros, é possível haver um revezamento dos guias.

Uma sincronia tão grande, certamente, não é construída apenas na pista. São experiências compartilhadas no cotidiano, laços atados por nós invisíveis, muito mais fortes que as pequenas cordinhas que os unem durante as provas.

Em todos os eventos os atletas-guia já são reconhecidos e recebem as medalhas, assim como os paratletas. Após compartilharem os momentos de treino, dor e planejamento, também vivenciam juntos o pódio. Não ocupam o espaço principal. São como sombras. Discretos, mas essenciais para que a luz dos astros principais possa ser percebida.

Edição: Fábio Lisboa

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