Contrato entre Ministério da Saúde e locadora de veículos poderá ser investigado

Publicado em 13/03/2014 - 12:58 Por Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Brasília - Índios Pataxó e Tupinambá, do extremo sul da Bahia, aguardam no Ministério da Justiça audiência com o ministro José Eduardo Cardozo (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Índios Pataxó e Tupinambá pedem revisão de contrato de aluguel de veículos usados em serviços de saúdeMarcello Casal Jr/Agência Brasil

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deve analisar nos próximos dias se vai determinar abertura de inquérito pela Polícia Federal para investigar os contratos da locadora de veículos San Marino com o Ministério da Saúde. O pedido para investigação foi protocolada hoje (13) no gabinete de Cardozo, mas, segundo assessoria de imprensa do órgão, não há prazo para que a decisão seja tomada.

Procurada pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde informou que o contrato com a San Marino faz parte das contratações feitas pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) – ligados ao ministério – que estão sendo investigados pela própria pasta e pela Controladoria Geral da União (CGU). Cerca de 40 índios protestaram pela manhã em frente ao Ministério da Sáude. Umas das reivindicações é a apuração de denúncias sobre esses contratos.

Em nota, a assessoria do Ministério da Saúde informou que uma análise interna, feita no início deste ano, apontou divergências entre modelos e valores de contratos semelhantes. As suspeitas foram agravadas quando, em janeiro, uma das empresas que participou de licitação para fornecimento de alimentos no Distrito de Manaus foi desqualificada mesmo depois de apresentar o menor preço.

O cenário motivou, em fevereiro, a abertura de uma auditoria que ainda não foi concluída, mas que já aponta algumas tendências. Segundo o texto do ministério, por exemplo, “durante a avaliação do processo que escolheu a empresa que forneceria alimentos ao Dsei de Manaus, não se confirmou a falha documental apontada pelo Distrito de Saúde Indígena para justificar a desclassificação da empresa que apresentou o menor preço”.

Os dados levantados até agora também mostraram “oscilação expressiva” entre os valores pagos para a locação de veículos nos distritos indígenas. “No caso das caminhonetes, enquanto o Dsei de Rondônia desembolsava R$ 10.558,33 por mês por cada carro, o de Cuiabá pagava R$ 20.500,73. Já entre as vans, o desnível ia de R$ 20.220,00 na Bahia para R$ 25.302,33 em Mato Grosso”.

Outra divergência é em relação aos prazos do contrato de locação de veículos na Bahia, onde o Dsei local optou por um período de vigência de dois anos enquanto, geralmente, o prazo é um ano.

“Para evitar prejuízos ao atendimento da população indígena, os contratos permanecerão vigentes, por enquanto, durante a realização das auditorias. Mas os valores a serem pagos serão renegociados e todas as etapas da sua execução – desde a definição da demanda a ser coberta até o pagamento – serão acompanhadas pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS [Denasus]”, informou a assessoria da pasta.

O pedido para que o Ministério da Justiça acompanhe a auditoria já havia sido encaminhado pelo Ministério da Saúde. Mas, como a PF ainda não havia sido acionada formalmente, o líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR) decidiu protocolar o pedido por uma investigação conduzida pelos agentes federais diretamente no gabinete do ministro Cardozo.

Edição: Talita Cavalcante

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