Obras do Parque Olímpíco preocupam moradores de comunidade da zona oeste

Publicado em 19/03/2014 - 22:14 Por *Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Um grupo de moradores da Vila do Autódromo, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro, encaminhou  hoje (19) à prefeitura da cidade, documento pedindo um encontro com o prefeito Eduardo Paes.  Os moradores querem informações sobre as obras que a administração municipal vai fazer, de canalização de rios e de duplicação das avenidas Salvador Allende e Abelardo Bueno, em uma área próxima ao Parque Olímpico, que está sendo construído, ao lado da comunidade.

Com as obras, parte das casas está sendo demolida. De acordo com a secretaria municipal de Habitação, atualmente a Vila tem 583 famílias. Do total, 280 terão que ser removidas, por causa das obras da prefeitura. Entre elas, 204 optaram por apartamentos, no mesmo bairro, de dois e três quartos, no Condomínio Parque Carioca, de 900 unidades, construído na Estrada dos Bandeirantes, pelo Programa Minha Casa, Minha Vida.

A previsão da secretaria é que até o fim de abril comecem as mudanças das famílias para o condomínio. Ainda entre as famílias que serão removidas, 76 serão indenizadas. Outras 172 famílias, que estão fora da área da obra, aguardam para ser reassentadas, sendo que 140 querem ir para o empreendimento e 32 optaram pela indenização.

Para evitar a reocupação, a prefeitura já começou a fazer as demolições das casas de moradores, que aceitaram as indenizações, mas as que pertencem às famílias que irão para o Parque Carioca só serão derrubadas quando elas mudarem.

O prefeito Eduardo Paes negou hoje (19) que esteja sofrendo pressão de moradores contrários à demolição das casas. Segundo ele, o único movimento é de pessoas pedindo a mudança para o condomínio. Ele garantiu que só quem quiser, vai sair da Vila do Autódromo. “Tem uma pressão enorme de moradores da vila querendo se mudar para um apartamento de três quartos em um condomínio na Estrada dos Bandeirantes, com muita qualidade. Só tenho esta pressão. Enfim, não tem remoção nenhuma na Vila Autódromo. Ninguém está saindo sem querer. Toda mudança que for feita é porque a família quer ir para o apartamento. Ninguém vai tirar alguém, ali, sem querer. Tem mais gente querendo do que a gente queria que quisesse. Quem não quiser não sai. Isso está dito há muito tempo. As pessoas querem sair, querem um apartamento e eu vou dar um apartamento”.

A prefeitura promete ainda a urbanização da área da comunidade que será preservada.  Mas apesar disso, a diarista Maria da Penha Macena está apreensiva. Ela mora na vila há 20 anos. Na casa dela vivem ainda a mãe, o marido e a filha. “Eu não pretendo sair da minha casa, mas eu não sei como vai ser. A gente tem que esperar para ver como vai ficar. Se a gente não conseguir ficar na nossa casa, pelo menos que fique dentro da comunidade, em outra casa”, contou em entrevista à Agência Brasil. Maria da Penha espera que no encontro com o prefeito ele apresente o projeto de construção do Parque Olímpico e das obras que serão realizadas nas áreas próximas.

A moradora Jane de Oliveira vive há 12 anos na vila. Ela mora com duas filhas e o pai delas e também não quer deixar a comunidade. Segundo ela, alguns moradores que optaram pelo apartamento se arrependeram ao saber que vão ter que pagar pelo imóvel. “A gente tem ouvido pessoas que lamentam e se decepcionaram, porque acharam que era de graça e receberam contrato dizendo que são 120 prestações, mas também não tem o valor. É complicado”.

* com colaboração da repórter Isabela Vieira

Edição: Stênio Ribeiro

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