Mutações genéticas podem impedir o combate às infecções por micobactérias

Publicado em 10/03/2014 - 08:34 Por Camila Maciel e Bruno Bocchini - Repórteres da Agência Brasil - São Paulo

Pesquisa feita por cientistas brasileiros, apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em parceria com o Instituto National da Saúde e da Pesquisa Médica da França está elucidando como nove diferentes mutações genéticas podem impedir o sistema imunológico de combater adequadamente infecções causadas por micobactérias (bactérias em forma de bastonetes retos ou encurvados), entre as quais a tuberculose e a hanseníase.

“Entendendo o mecanismo, conseguiremos tentar novas alternativas terapêuticas. A tuberculose é uma doença endêmica ainda muito prevalente no mundo, para cujo tratamento os medicamentos que existem são muito limitados. São antigos e limitados”, disse o professor do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo e coordenador do estudo, Antonio Condino Neto.

O grupo de cientistas já conseguiu identificar que mutações nos genes prejudicam o funcionamento do sistema de defesa do organismo contra micobactérias. Algumas mutações, por exemplo, desestabilizam o sistema NADPH oxidase, responsável pela atividade microbicida dentro dos macrófagos - células com o poder de englobar e destruir corpos estranhos, como bactérias. Assim, as pessoas portadoras da mutação perdem a capacidade de combater as infecções.

“A pessoa nasce já com a mutação, uma variação genética, que torna a resposta imunológica defeituosa. Em função disso, ela tem uma maior chance de contrair infecções por micobactérias, aí no caso destacando, principalmente, a tuberculose”, ressalta o professor.

Alguns dos defeitos genéticos já podem ser constatados em um exame de triagem neonatal chamado TREC. O exame é complementar ao teste do pezinho, e já está sendo implementado nos Estados Unidos, Europa, e Japão. No Brasil, os pesquisadores estão realizando o teste em um convênio com a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais.

“A pesquisa vai continuar tanto no Brasil quanto na França com os nossos parceiros. Acho que vamos descobrir ainda muitos outros defeitos genéticos relacionados a esse tipo de problema. Espero que, com isso, nos próximos anos, consigamos pensar em um novo tipo de vacina para tuberculose e um novo tipo de tratamento”, destacou o professor.

Edição: Valéria Aguiar

Últimas notícias