Copa altera rotina de moradores no entorno do Maracanã

Publicado em 29/05/2014 - 16:30 Por Flavia Villela - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Milhares de moradores no entorno do Estádio do Maracanã, zona norte do Rio de Janeiro, terão a rotina alterada nos sete dias de jogos da Copa do Mundo que ocorrerão na capital fluminense. A prefeitura distribuiu 1,6 mil credenciais para residências nas imediações do estádio. Com a credencial é possível transitar de carro pelo bairro, mas o estacionamento estará proibido em várias ruas.

O gerente de vendas João Avelar, 65 anos, foi cadastrado e recebeu as credenciais em casa. “Mas nem vou usar, pois não sairei de casa nos dias de jogo para evitar transtorno”, disse.

Toda a região do entorno do Maracanã terá esquema especial de funcionamento em dias de jogos, com interdições de ruas, proibições de estacionamento, alteração de itinerários de linhas de ônibus, operações de limpeza, sinalização e monitoramento.

O comerciário Edson Amorim Albuquerque, 52 anos, acredita que não haverá tantos transtornos na região devido às férias escolares e aos feriados nos dias de jogos. “Eu vou trabalhar, mas acredito que não haverá muito problema, não, pois muita gente não vai trabalhar e vai viajar”, disse.

Uma das pessoas que vai aproveitar o período para viajar é a estudante Ana Carolina, 21 anos. “Não vou ter aula então não estarei aqui, mas geralmente os dias de jogos são complicados, pois não podem circular ônibus, é difícil se locomover, sair ou entrar no bairro”, descreveu.

Alguns moradores da região entrevistados pela Agência Brasil não sabiam do cadastramento. Era o caso do servidor público, Alexandre Viana, 47 anos, que mora em frente ao estádio e não recebeu credencial nem informação sobre o esquema de trânsito nos dias de jogo. “Alguns moradores no prédio receberam e outros não, sem nenhuma explicação”, informou. Ainda segundo o morador, a interdição de ruas é o menor dos transtornos ocasionados pela Copa do Mundo. “Fora a obra que durou quase dois anos, cheio de barulho, agora são caminhões com geradores, uma coisa horrível. A gente não consegue dormir direito”, reclamou.

A prefeitura informou que distribuiu 6 mil panfletos informativos sobre as ruas onde serão proibidos o estacionamento de carros, o horário de fechamento das ruas e os locais de acesso para os moradores.

Os fechamentos das ruas vão começar seis horas antes de cada partida. A partir de quatro horas do início dos jogos, o bloqueio será total. O acesso de moradores com vaga de garagem na área bloqueada será realizado apenas pela Rua Luiz Gama (acesso pela Rua General Canabarro). Em pelo menos em 16 ruas, o estacionamento estará proibido a partir das 17h do dia anterior aos jogos.

Para a a dona de casa Tânia Duarte, 51 anos, moradora de uma das ruas interditadas, o transtorno é pouco se comparado aos frutos que serão colhidos com a Copa do Mundo. “Acho que devemos compreender o incômodo da obra. A Copa das Confederações foi um experimento da Copa de agora. Não sofri nenhum transtorno, pelo contrário, minha rua ficou mais segura, com guardas municipais em todas as esquinas”, disse ela, que não foi cadastrada nem recebeu o folheto da prefeitura.

Nos dias de jogos, para chegar ao Estádio do Maracanã, os meios de transporte prioritários serão o trem e o metrô, com gratuidade garantida pelo governo do estado aos portadores de ingressos - a partir de 4 horas antes do início dos jogos.

O comércio local também será impactado com as mudanças exigidas pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) para realização do Mundial. Bebidas alcoólicas não poderão ser vendidas nem consumidas em um cinturão de cerca de 1 quilômetro do Estádio do Maracanã. Entretanto, a proibição não vale para o interior da arena. Para um dos sócios do Bar e Lanchonete dos Esportes, João Sales Pontes, localizado em frente ao Maracanã, a medida é absurda.

“Acho uma pouca vergonha. Venderam o Rio de Janeiro para a Fifa. Nosso prejuízo será total, pois quem vai vir a um bar se não for para o consumo de álcool, ainda mais em dia de jogo?”, queixou-se o comerciante. “Como vou explicar para o cliente que aqui não pode beber, mas no estádio pode?” questionou.

Edição: Lílian Beraldo

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