Construtora diz ignorar motivo para apreensão de documentos pela PF

Publicado em 19/08/2014 - 19:39 Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Mais de 24 horas após receber a visita de policiais federais que, com mandado judicial em mãos, apreenderam documentos que podem ajudar a esclarecer esquema de fraudes em financiamentos imobiliários, concedidos pela Caixa Econômica Federal, a Construtora Dimensão informou que ainda não sabe o motivo pelo qual foi envolvida na Operação Cartago, deflagrada ontem (18), pela Polícia Federal (PF), no estado do Mafranhão.

Advogados do Grupo Dimensão - ao qual pertencem a construtora e outras oito empresas – já pediram informações à Superintendência da PF para saber os argumentos que levaram a Justiça a conceder os mandados de busca e apreensão, cumpridos pelos policiais na sede da construtora e na casa do empresário Antônio Barbosa Alencar, dono do grupo.

A assessoria do Grupo Dimensão informou à Agência Brasil que atualmente nenhuma das nove empresas atua como correspondente bancário. Os clientes que adquirem imóveis com financiamento da Caixa, ou de outro banco público, negociam o empréstimo com imobiliárias habilitadas pelas instituições bancárias para atuar como correspondentes.

Como a investigação corre em segredo de Justiça, os nomes das pessoas físicas e jurídicas estão sendo mantidos em sigilo. O nome do Grupo Dimensão veio a público por se tratar de uma das maiores construtoras do estado, contratada para projetos do Programa Minha Casa, Minha Vida.

No total, policiais federais cumpriram 19 mandados de busca e apreensão ontem; 11 deles nas residências ou locais de trabalho de pessoas suspeitas de envolvimento no esquema e oito nos escritórios de correspondentes bancários imobiliários ou empresas construtoras; entre elas a Dimensão, uma das maiores do Maranhão. Também foram cumpridos 18 mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é conduzida para prestar depoimento e liberada em seguida) e sete de comunicações de suspensão da função pública.

De acordo com a assessoria da Caixa, além dos sete funcionários afastados ontem de suas funções, cinco já tinham sido demitidos antes, por envolvimento com o esquema, e o delegado federal responsável pela operação, Sandro Jansen, disse hoje (19) à Agência Brasil que já tem elementos para pedir o indiciamento de mais 18 pessoas suspeitas de envolvimento com o esquema fraudulento.

A PF ainda não sabe precisar a quantia que pode ter sido movimentada ilegalmente pelo esquema, mas, após dois anos de investigação, diz ter indícios de que o grupo atuava desde 2010 e que mais de 5 mil contratos sob suspeita, assinados nesse período, totalizam movimentação financeira da ordem de R$ 500 milhões. Ainda não está claro de quanto desse valor os suspeitos podem ter se apropriado a título de taxa de corretagem, mas, segundo a PF, os correspondentes bancários irregulares recebiam, em média, 3% do valor do financiamento concedido pela Caixa.

Nesses dois anos de investigação, a PF concluiu que os servidores da Caixa criavam empresas fictícias em nome de parentes ou pessoas próximas. As empresas eram então contratadas para prestar serviços como correspondentes bancários imobiliários, pelos quais recebiam comissões, mesmo os contratos sendo fechados nas próprias agências da Caixa, pelos funcionários ligados ao esquema.

Ainda de acordo com a PF, escritórios de atendimento aos interessados foram montados no interior das agências bancárias, utilizando espaço físico e equipamentos da Caixa. Os empregados dessas empresas chegaram a ter acesso às senhas restritas de empregados do banco público. Pelas regras da própria Caixa e do Banco Central, correspondentes bancários estão proibidos de ter parentes trabalhando nos bancos e de trabalhar dentro de agências e postos de atendimento.

 

Edição: Stênio Ribeiro

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