MPT vai apurar denúncia de trabalho de adolescentes na coleta de lixo no Rio

Publicado em 17/03/2015 - 19:22 Por Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu procedimento para apurar denúncia de uso de mão de obra de adolescentes menores de 18 anos pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) para suprir a falta de trabalhadores, que estão em greve.

De acordo com a assessoria do MPT, funcionários grevistas fizeram a denúncia ontem (16) e entregaram uma fotografia, na qual um jovem, aparentemente menor de idade, participava da coleta de lixo.

Uma denúncia anônima feita hoje (17) também relatou a contratação de trabalhadores avulsos para fazer a coleta de lixo na cidade, sem usar uniforme, nem equipamentos de proteção obrigatórios, como luvas e botas.

A procuradora-chefe do MPT, Teresa Basteiro, determinou a abertura de procedimento para apurar as denúncias. O caso será distribuído para um procurador, que vai analisar as medidas a serem tomadas.

O assunto também chegou à Câmara Municipal, onde vereadores da oposição denunciaram o fato no plenário. O vereador Babá (PSOL) disse que presenciou o trabalho de menores de idade na coleta, ontem, no Méier, zona norte do Rio. "Isso não tem contrato. Chamam as pessoas e elas começam a trabalhar. Já tínhamos visto em fotos adolescentes fazendo esse serviço e vamos às últimas consequências, no MPT e na Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. É um escândalo o que a prefeitura vem fazendo”, afirmou Babá.

O vereador Paulo Pinheiro, também do PSOL e membro da Comissão de Saúde da Câmara, destacou os perigos que os trabalhadores contratados informalmente correm por não uar equipamentos de proteção obrigatórios para o recolhimento de lixo, como luvas e botas apropriadas.

"É um gravíssimo problema para essas pessoas, que estão precisando de dinheiro e por isso fazem qualquer coisa. Podem pegar todo tipo de infecção de pele, podem se espetar com algum material e adquirir quadros infecciosos muito graves", disse Pinheiro, que é médico e já foi diretor do Hospital Municipal Miguel Couto, um dos principais da cidade.

Em nota, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) disse que vem desenvolvendo um plano de contingência para minimizar os transtornos da greve, o que inclui a contratação de empresas terceirizadas para a coleta de lixo. "Essas empresas são responsáveis pelo fornecimento de caminhões e mão de obra temporária, seguindo o estabelecido na legislação, e distribuindo equipamento de proteção individual (EPI), como luvas e borzeguins [botas especiais].”

Edição: Luana Lourenço

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