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Ministro do STF diz que redução da maioridade não deve ser vista como esperança

Da Agência Brasil
Publicado em 01/04/2015 - 13:18
Brasília
Ministro Marco Aurélio Mello
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello disse hoje (10) que a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos não deve ser vista como esperança de dias melhores. “Cadeia não conserta ninguém e não resolve os problemas do país, que são outros”, afirmou. 

 

Presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, durante balanço, anunciou que houve crescimento de 4,43% no número de eleitores aptos a votar nas eleições de outubro (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Marco  Aurélio:  cadeia  não  conserta ninguém e não resolve os problemas do paísArquivo/Agência Brasil

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171-A/93, que altera a faixa etária de responsabilidade penal, foi aprovada ontem (31) pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), após mais de 20 anos em tramitação.

O texto seguirá para uma comissão especial, que será instalada no próximo dia 8 pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O ministro Marco Aurélio lembrou a articulação para que a mudança se torne cláusula pétrea, dispositivo constitucional que não pode ser alterado nem mesmo por uma PEC.

Marco Aurélio antecipou que não concorda com a classificação legal para redução da maioridade. “De início, não penso assim, mas estou aberto à reflexão”, ponderou, afirmando que o projeto “baterá no Supremo”.

O ministro reconheceu que o ritmo de aprovação de novas regras demonstra que o Legislativo está buscando se fortalecer. Entretanto, alertou sobre o receio de normatizações “em época de crise, porque vingam as paixões exarcebadas”. Segundo ele, o país já tem leis suficientes para correções e deveria se concentrar em outros problemas.

Sobre o arquivamento das investigações contra o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), acusado de desvio de dinheiro da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), o ministro explicou que a morosidade da Justiça brasileira prejudica inquéritos antes que eles sejam concluídos. O processo tramitava no STF desde 2003. “A sociedade fica decepcionada quando tem arquivamento de um inquérito.”

Ao participar da solenidade de comemoração dos 207 anos da Justiça Militar da União, em Brasília, Marco Aurélio alertou para o problema da corrupção. “Chegando ao estágio a que chegamos, verificamos que a corrupção foi banalizada, mas não posso dizer que foi barateada, porque os valores são muito altos”, ironizou.

Quanto a eventuais pedidos de abertura de inquérito para investigar a presidenta Dilma Rousseff, Marco Aurélio disse que a Constituição Federal não veda a investigação e sim a responsabilização. De acordo com o ministro, a cláusula existe unicamente para proteção do cargo. “Já está tão difícil governar o país. Imagina se tivermos um inquérito aberto contra a presidenta da República. Não há impunidade, porque, por atos estranhos ao exercício do mandato, ela responderá ao término do mandato. Aí, haverá julgamento na primeira instância”, explicou.

O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, participa da cerimônia de entrega das comendas da Ordem do Mérito Judiciário Militar (Wilson Dias/Agência Brasil)

Rodrigo  Janot  recebe  a  Grã-Cruz  da  Ordem  do

Mérito Judiciário MilitarWilson Dias/Agência Brasil

Também presente à cerimônia, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi homenageado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário Militar, o mais alto grau da condecoração. Janot deixou o local sem falar com a imprensa.

Ministro do Superior Tribunal Militar e chanceler da Ordem, William de Oliveira Barros lembrou a história da justiça mais antiga do país, criada em 1808, meses antes da chegada da família real ao Brasil. Oliveira Barros destacou juristas famosos que participaram da história, entre eles Sobral Pinto. e lembrou contribuições como a formulação da Lei de Segurança Nacional.