PF investiga ação de instituições financeiras em extração ilegal de ouro

Publicado em 07/05/2015 - 14:02 Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central a atuar no mercado de capitais são o alvo final da Operação Warari Koxi, deflagrada hoje (7), pela Polícia Federal (PF), para desarticular esquema criminoso de extração ilegal de ouro e pedras preciosas em reservas indígenas. O principal alvo da atividade ilícita é a Terra Indígena Yanomami, em Roraima.

Segundo a delegada federal Denisse Dias Rosas Ribeiro, responsável pelo inquérito policial, o principal objetivo da investigação iniciada em novembro de 2014 é mapear toda a cadeia da extração ilegal de ouro, diamantes e tantalita para identificar e punir quem financia a ação ilegal dos garimpeiros. Tantalita é um minério bastante valorizado no mercado: por oferecer resistência ao calor é aplicado na indústria eletrônica.

“Tivemos que atuar em três frentes: executores, pessoas que retiram o ouro [e outros minérios valiosos] das áreas indígenas; intermediários, lojistas que captam os produtos e fornecem insumos [recursos] para os executores atuarem; e financiadores, que estão nos grandes centros”, disse Denisse.

Segundo ela, em Roraima, há pessoas de baixa renda usadas pelo esquema. No topo da cadeia, como beneficiárias financeiras, há distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs). Ela acrescentou que lojistas e garimpeiros já autuados são explorados e "que a maior parte do dinheiro movimentado vai para os grandes centros urbanos, para as mãos de poucos".

"Já sabemos o destino final desse ouro: estamos atuando na base para demonstrar a materialidade desse crime e [identificar] toda a cadeia para, quando formos atuar em relação aos financiadores, não restar dúvidas sobre como isso é feito", disse Denisse.

Supervisionadas pelo Banco Central, as DTVMs, entre outras ações, intermedeiam a oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado. Operam também no mercado acionário, comprando, vendendo e distribuindo títulos e valores mobiliários, inclusive ouro.

De acordo com o chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado em Roraima, Alan Robson Alexandrino, as DTVMs investigadas – cujos nomes não foram revelados – faziam operações para aparência legal a todo o montante movimentado ilicitamente. Durante as investigações, a PF identificou movimentação suspeita de cerca de R$ 1 bilhão.

A PF estima que só o não pagamento de tributos tenha causado aos cofres públicos prejuízo mensal de cerca de R$ 17 milhões mensais. Denisse Ribeiro lembrou que a atividade garimpeira exige altas somas de dinheiro, o que reforça a necessidade de combater toda a cadeia.

Cerca de 150 policiais federais participam da operação. Trezentos e treze mandados judiciais estão sendo cumpridos em Roraima, no Amazonas, Pará, em Rondônia e São Paulo. Cinco servidores públicos foram conduzidos para prestar depoimento e liberados em seguida. O dono de uma draga foi preso. Documentos e computadores foram apreendidos.

Edição: José Romildo

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