Brasil não servirá de teste para vacinação contra dengue, diz Chioro

Publicado em 02/06/2015 - 12:15 Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
Atualizado em 02/06/2015 - 14:45

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, concede entrevista coletiva para apresentar o resultado da seleção de profissionais brasileiros formados no exterior no Programa Mais Médicos (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Chioro destaca que não há um patamar de segurança para imunização contra a dengueMarcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse hoje (2) que o Brasil não será usado para o lançamento de vacinas contra a dengue que não sejam seguras, nem eficazes. Acrescentou que a disponibilização da vacina é “o sonho” de todos os médicos, mas ainda não há um patamar de segurança para isso.

"O Brasil não vai virar plataforma mundial de lançamento de produtos que tenham eficácia e segurança não comprovadas. Agora, ninguém mais do que o ministro da Saúde deseja contar com uma vacina segura e eficaz para disponibilizar", disse o ministro.

Chioro destacou que "o clamor popular" não vai intervir na decisão de disponibilizar vacinas. "Não é porque existe o clamor da população que qualquer dirigente do Ministério da Saúde vai fazer uma avaliação apressada e uma incorporação tecnológica, sem nenhuma crítica, de uma vacina que não dê segurança à população".

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada hoje, mais de 25 milhões de brasileiros afirmaram já ter tido dengue alguma vez na vida e 20 milhões dizem que o diagnóstico foi dado por um médico.

Em termos percentuais, 12,9% da população afirmam que já contraiu algum tipo da doença, e 10,8% dizem que o diagnóstico foi confirmado por um médico.
A Região Norte é a que registra mais vítimas da doença, e também a maior diferença entre os que afirmam ter contraído e os que tiveram diagnóstico. Ao todo, 20,5% dizem já ter tido dengue na vida, e 16,1% ouviram isso do médico.

No Nordeste, os percentuais são de 18,5% e 13,5%, e, no Centro-Oeste, de 17,5% e 14,9%. Na população do Sudeste, 10,8% afirmam já ter contraído a doença, e 9,5% receberam o diagnóstico. Já no Sul, que tem clima mais frio, 1,3% já teve dengue e 1% recebeu o diagnóstico.

As mulheres foram as que mais declararam já ter sofrido com a dengue, com 14,3%, contra 11,3% dos homens. A faixa etária mais afetada é a de 40 a 49 anos, em que a dengue já atingiu 17,4% da população.

Pessoas com nível superior completo são as que mais afirmam ter tido dengue, com 16,4%, contra 11,5% daqueles sem instrução ou com ensino fundamental incompleto. As populações preta e parda, com 14,8% cada uma, superam a branca, em que 10,6% já tiveram dengue.

Segundo a pesquisa, 69,4% dos domicílios brasileiros receberam a visita de um agente de combate às endemias nos doze meses anteriores ao questionário. As maiores proporções foram registradas no Nordeste e no Centro Oeste, com 78,3% e 76,5%. As áreas urbanas foram mais visitadas que as rurais, com um percentual de 73,5% contra 43,7%.

Edição: Marcos Chagas

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