Greenpeace faz ato no centro de SP para criticar crise hídrica

Foram distribuídas garrafinhas de água, simbolizando as últimas gotas

Publicado em 23/06/2015 - 10:10 Por Fernanda Cruz - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

O Greenpeace, organização não governamental que defende questões ambientais pelo mundo, fez hoje (23) uma ação no centro da cidade de São Paulo para cobrar medidas que solucionem a crise hídrica paulista. O ato ocorreu às 9h, na Praça da Sé, com distribuição de garrafinhas de água, simbolizando as últimas gotas do Sistema Cantareira.

Durante a ação, membros do Greenpeace levaram esclarecimentos a quem passava pela praça. “A má gestão hídrica da água atualmente fez com que ela fosse tratada como mercadoria e não como direito. Por isso, lançamos essa contrapropaganda, mostrando que são as últimas gotas do nosso reservatório Cantareira”, disse Fabiana Alves, coordenadora da campanha. O slogan da campanha é: “Não vai faltar sede”.

Fabiana criticou o atual modelo de cobrança diferenciado pela água. “O Greenpeace tem pedido para que acabem os contratos de demanda firme, que são contratos com grandes empresas, que consomem mais de 500 mil litros de água por mês com a Sabesp. Esses contratos fazem com que essas empresas, quanto mais consumem, menos elas pagam pela água. Essa é uma ótica totalmente de mercado e não de direito, que é como deve ser tratada”, disse.

José Marcos Martins, marqueteiro, de 59 anos, passava pela Praça da Sé no momento da ação e criticou também a falta de consciência com o desperdício. “Lamentavelmente, vi uma senhora esses dias lavando a calçada. Isso é falta de caráter das pessoas. Está sabendo que o país está parado por causa da água e lava a calçada? Eu estou preocupado com a falta de água e fico revoltado com isso.”

Lázaro Jesus de Melo, empresário, de 48 anos, aproveitou para reclamar. “A gente tem que economizar, mas o governo errou e quem leva a culpa? O povo. Essa é uma campanha boa, para a gente economizar. Eu sou pai, sou avô, e fico preocupado com o nosso futuro”.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos lamentou a ação do Greenpeace. “Em vez de ajudar a minimizar os impactos da maior seca dos últimos 85 anos, o Greenpeace usa sua popularidade para confundir a população”. A secretaria informou, na nota, que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) investiu R$ 9,3 bilhões entre 1995 e 2013 na região metropolitana da capital, com medidas para aumentar a segurança do abastecimento, a disponibilidade de mananciais, a capacidade de produção, o transporte de água tratada e a integração entre os sistemas produtores, além de ter reduzido sensivelmente as perdas, atingindo padrões internacionais.

“Para enfrentar esta seca de proporções históricas, a secretaria segue adotando uma série de medidas para garantir o abastecimento, como a implantação do bônus para quem economiza água e ônus para quem desperdiça, o uso da reserva técnica, a integração de sistemas permitindo a diminuição da retirada de água do Cantareira, e obras emergenciais, como a ampliação da capacidade de produção de água da ETA [Estação de Tratamento de Água] Alto da Boa Vista, com membranas ultrafiltrantes, maior captação de água dos rios Guaratuba e Guaió, interligação do Rio Grande com o sistema Alto Tietê, entre outras”, diz a nota.

Edição: Valéria Aguiar

Últimas notícias