Greve deixa mais de 1 milhão de pessoas sem ônibus no Distrito Federal

Os trabalhadores pedem reajuste salarial de 20%. Os empresários

Publicado em 08/06/2015 - 14:33 Por Yara Aquino - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Os rodoviários do Distrito Federal iniciaram hoje (8) uma greve e paralisaram os ônibus, apesar da determinação judicial para manter 70% dos veículos circulando nos horários de pico. A estimativa do Transporte Urbano no Distrito Federal (DFTrans) é que a greve tenha deixado mais de 1 milhão de passageiros sem ônibus.

Sem ônibus, a população teve dificuldade para sair de casa e o chamado transporte pirata – veículos sem licença para conduzirr passageiros - circula pelas ruas e ocupa a rodoviária de Brasília. Muitos brasilienses tiraram os carros da garagem para não perder aulas e o dia de trabalho. De manhã, algumas faixas exclusivas para ônibus foram liberadas à circulação de carros de passeio para ajudar a desafogar o trânsito.

A estudante Aleci Arruda, moradora do Varjão, costuma ir para a faculdade de ônibus, assim como seu namorado. Hoje, o namorado de Aleci decidiu pegar o carro para os dois não perderam a aula. Ela disse que o trânsito estava mais carregado que nos outros dias e que eles enfrentaram congestionamento de manhã.

“Agora tenho que voltar para o Varjão. Tem uns 15 minutos que estou esperando o ônibus, e nada. Nem ônibus pirata está saindo para lá. Se não aparecer, vou ter que esperar meu namorado sair da faculdade e vir me buscar”, desabafou Aleci, enquanto procurava transporte na Rodoviária do Plano Piloto.

A reportagem da Agência Brasil esteve no local e viu que circulavam apenas ônibus de algumas linhas da empresa de transporte do governo do Distrito Federal. Os boxes reservados aos ônibus estavam cheios de veículos não regularizados, como vans.

A dona de casa Inês Maria da Silva, moradora de São Sebastião, tinha que comparecer a uma perícia do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), logo cedo, e enfrentou a parada cheia e ônibus lotado para não perder o horário. Ela pegou o ônibus de uma cooperativa e ainda teve que caminhar um bom tempo até chegar ao local da perícia. “Caminhei quase uma hora para chegar lá. Agora, já tem mais de 20 minutos que estou esperando um ônibus da cooperativa para voltar para casa. Só Deus sabe como vai ser. Não vou pegar ônibus pirata, porque eles rodam muito cheios e correm muito”, disse Inês.

A filha de Inês faz estágio em um ministério, na zona central de Brasília, e hoje não foi trabalhar temendo principalmente a dificuldade na volta para casa. “Minha filha não faltou à aula porque deu para ir andando, mas hoje não teve como trabalhar. É um caos, uma situação horrível”, reclamou.

De manhã, o número de passageiros no metrô aumentou, e a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) estendeu o horário de pico, mantendo a circulação de um número maior de trens por mais tempo. Após as 8h45, o número de trens é reduzido de 24 para 15. mas hoje, os 24 trens permaneceram em funcionamento até as 10h. A companhia vai avaliar se será necessário ampliar o horário de pico também no início da noite.

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou que fosse mantida a circulação de 70% da frota de ônibus no horário de pico durante a greve dos rodoviários. Os trabalhadores pedem reajustes de 20% nos salários e 30% no tíquete-alimentação e cesta básica, além de plano de saúde familiar. Os empresários ofereceram 8,34% de reajuste salarial.

A greve foi decidida em assembleia ontem (7). O Sindicato dos Rodoviários do Distrito Federal informou que até o fim da manhã não havia previsão de nova assembleia.

Edição: Jorge Wamburg

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