Atletas com deficiência intelectual embarcam para os Jogos de Verão 2015

O nadador fluminense Douglas Martinet de Oliveira, de 24 anos, é o primeiro representante brasileiro na modalidade natação em água abertas dos Jogos Mundiais Olímpicos Especiais de Verão, que este ano serão disputados em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Confiante na conquista da medalha de ouro, Douglas está apreensivo apenas com a viagem. “Nunca entrei em um avião, estou com um pouco de medo, mas muito feliz”, disse ele, que venceu a prova classificatória dos 1.500 metros na praia da Boca da Barra, em Rio das Ostras, no Rio de Janeiro, em setembro passado.

Douglas é um dos 38 atletas da delegação brasileira com deficiência intelectual que embarcaram hoje rumo à Califórnia (20) para participar dos jogos, cuja cerimônia de abertura será sábado (25) e o encerramento, em 3 de agosto. Cerca de 7 mil atletas de 165 países devem participar do evento, organizado pela Fundação Special Olympics. Os atletas brasileiros vão disputar medalhas nas modalidades: futsal feminino, atletismo, ginástica rítmica, natação, tênis, judô, bocha e patinação em velocidade.  A delegação conta ainda com 12 técnicos, três delegados e quatro dirigentes.

O judoca Breno Viola ficou mais conhecido por seu papel no filme Colegas, que conta a trajetória de três jovens com síndrome de Down embarcando em uma viagem em busca de seus sonhos. Mas é no tatame que o faixa-preta brilha. Terminou em quarto lugar na edição dos Jogos de Atenas, em 2011, e é bicampeão mundial em sua categoria. Para ele, este será o evento mais significativo de sua carreira. “Já tive vários títulos, mas este será o mais importante, pois terei minha primeira medalha olímpica. Estou muito emocionado. Mas não importa qual a cor da medalha, vamos vencer.”

O custo da viagem e dos uniformes foi patrocinado pela Secretaria Municipal de Esportes e Lazer do Rio (R$148 mil) e pelo Ministério do Esporte (340 mil). O secretário Marcos Braz destaco a parceria entre as duas esferas de governo para viabilizar a participação dos atletas. “Em 2016, teremos a maior competição do mundo e não poderíamos estar fora desse processo de inclusão por meio do esporte”, disse Braz, que garantiu manter o apoio a esses grupos durante sua gestão.

Para a diretora executiva da Fundação Special Olympics Brasil, Ana Paula Soares, o potencial brasileiro é muito grande, mas ainda pouco aproveitado em competições. “Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que cerca de 10% da população têm algum tipo de deficiência. Dentro desse Brasil gigante, 38 atletas é um número muito pequeno”, disse ela.

“Foi muito triste ver nos Jogos de Atenas, por exemplo, a delegação da Costa Rica, que é um país bem menor que o nosso, com quase 200 pessoas e a nossa com 40”, disse Ana Paula. Ela acredita que parte do problema se deve ao preconceito. “Muita gente acha que os deficientes intelectuais não são capazes de fazer muitas coisas, mas isso está mudando aos poucos. Uma das nossas missões é fazer com que o público acredite no seu potencial e que eles mostrem do que são capazes. Além disso, o esporte faz bem para qualquer indivíduo.”

Os Jogos Olímpicos Mundiais Especiais ocorrem a cada dois anos, no verão e no inverno, alternadamente. A competição foi criada pela organização internacional sem fins lucrativos Special Olympics. O primeiro evento mundial foi em 1968, em Chicago, nos Estados Unidos, e o último, em Pyeong Chang, Coreia do Sul, em 2013.