Rio já teve este ano mais casos de caxumba do que em todo o ano passado

Publicado em 09/07/2015 - 19:27 Por Cristina Índio do Brasil – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O estado do Rio de Janeiro registrou –  de 1º de janeiro até 7 de julho – mais surtos de caxumba do que em todo o ano passado. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, foram notificados no período 66 surtos com o registro de 606 casos, enquanto em 2014 foram 561 casos.

Segundo a secretaria, o surto é caracterizado pelo aumento de casos, acima da média registrada, em um determinado período de tempo e local concentrado e fechado, creches, escolas, empresas e condomínios.

Os casos estão sendo acompanhados pela Subsecretaria de Vigilância em Saúde às secretarias municipais de Saúde. A secfetaria estadual informou que não há evidência de epidemia da doença no estado do Rio de Janeiro e está investigando o motivo do aumento de casos.

Segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe, o que há de concreto é o crescimento do número de surtos, uma vez que não é feito o monitoramento de casos individuais. “Não é preconizada pelo Ministério da Saúde a notificação de casos individuais, somente a ocorrência de surtos”, disse Chieppe, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo ele, algumas possibilidades estão sendo analisadas. Uma delas é o aumento da circulação do próprio vírus entre pessoas suscetíveis à doença e as que não foram imunizadas.

Outra possibilidade é a diminuição da eficácia da vacina ao longo dos anos. Ele explicou que pessoas que tomaram a vacina há 10, 12 ou 15 anos, podem ter, eventualmente, uma diminuição de imunogenicidade da vacina, que é a capacidade da vacina de proteger o indivíduo. Ao longo dos anos, essa proteção pode diminuir um pouco, aumentando os casos de caxumba que ocorrem, geralmente, de forma mais leve nas pessoas que já foram imunizadas.

“São hipóteses que ainda estamos investigando. Não há nada conclusivo. Ainda precisamos de mais dados, para saber o motivo do aumento no número de casos em relação a anos anteriores”, completou.

Conforme dados da secretaria, a ocorrência da doença se deu nas cidades do Rio de Janeiro, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e Niterói, na região metropolitana. “Todos estes casos ocorreram em instituições fechadas. Não há ainda qualquer relação com casos graves ou óbitos e todos os notificados foram leves, tão leves que evoluíram bem clinicamente”, avaliou o subsecretário.

De acordo com Chieppe, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou sobre o caso da morte de uma adolescente de 14 anos, com suspeita de ter contraído meningite viral. Ela estudava em uma escola onde ocorreram casos de caxumba. Chieppe reconheceu que é possível a evolução da caxumba em meningite viral, mas ressaltou que, até o momento, não foi confirmado se esta foi a situação da estudante, pois ainda não foram feitos todos os exames necessários.

“Para confirmar essa relação, são necessários exames mais específicos para identificar o vírus da caxumba no organismo da pessoa. Isso vai levar mais algum tempo, porque requer exames laboratoriais mais complexos”, explicou.

Chieppe revelou que a maioria dos casos registrados ocorreu em adolescentes de 11 a 16 anos, em escolas. Ele recomendou, como precaução, a lavagem das mãos com frequência, o que previne a ocorrência da doença; evitar ambientes fechados e mantê-los bem refrigerados, com ventilação adequada. Ao primeiro sintoma, deve-se procurar um serviço de saúde.

O subsecretário pediu que a população evite tomar a vacina sem orientação médica. “É preciso que haja uma avaliação dos profissionais de saúde, e é importante que, na ocorrência de casos  de caxumba nas instituições, eles sejam comunicados imediatamente às secretarias municipais de Saúde para que possa ser feito um processo de investigação e apoio àquela unidade”, disse.

De acordo com Chieppe, é comum também que, neste peródo do ano, por ser mais frio, surjam mais doenças chamadas de transmissão respiratória, incluindo a meningite, a gripe e a caxumba. Chieppe ponderou, no entanto, que apesar de ser um período que requer mais atenção, existem as férias escolares e isso favorece a redução dos registros da doença nas escolas.

Edição: Maria Claudia

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