Presidente do TJRJ se diz estarrecido com PMs que forjaram auto de resistência

Publicado em 30/09/2015 - 22:03 Por Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

As imagens divulgadas ontem (29) de policiais militares mudando a cena de um crime, no Morro da Providência, que resulltou na morte de um jovem de 17 anos, deixaram estarrecido o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho. O desembargador comentou o episódio antes da abertura oficial do seminário Corrupção e Violência: reféns, até quando?, que começou hoje (30) e será encerrado sexta-feira (2), na sede do tribunal.

“É uma sensação de estarrecimento e de perplexidade absoluta observar que agentes que deveriam proteger as comunidades, a dignidade e os valores humanos agem de maneira tão cruel e brutal”, afirmou o desembargador.

Nas imagens, gravadas de um celular por um morador da comunidade, os PMs dão um tiro para o alto e depois usam a mão do jovem, que estava caído, em meio a uma poça de sangue, para disparar duas vezes uma arma.

O presidente do TJRJ destacou que violência e corrupção são fenômenos que andam juntos. “Será que a corrupção em altos escalões do Poder Público e empresariais não influi, não cria uma mentalidade de facilitação para se justificar condutas violentas. Até que ponto a corrupção propicia uma mentalidade licenciosa com relação à violência?”, indagou o magistrado.

A organização do seminário é do desembargador Cláudio Dell´orto, que também vê uma relação direta entre o fenômeno da corrupção e a violência. “São filhas de uma mesma matriz. Tem todo um processo de violência que acaba facilitando que as pessoas caminhem por condutas contrárias à lei, chegando a processos de corrupção e improbidade.”

Segundo Dell' orto, devem ser buscadas sete metas pelo TJRJ para se combater violência e corrupção, incluindo programa de proteção à testemunha e a réus colaboradores, atendimento às mulheres e demais pessoas em situação de vulnerabilidade e o combate à corrupção e lavagem de dinheiro.

Os cinco PMs envolvidos na morte de Eduardo Felipe Santos Victor tiveram suas prisões preventivas decretadas hoje pela juíza Maria Izabel Pena Pieranti, do Plantão Judiciário do TJ.

A decisão atinge os policiais militares Eder Ricardo de Siqueira, Paulo Roberto da Silva, Pedro Victor da Silva Pena, Riquelmo de Paula Geraldo e Gabriel Julião Florido.

Na decisão, a juíza afirma que é “inadmissível que agentes da lei, encarregados da manutenção da ordem pública e da regular persecução penal, procedam à alteração de cenário criminoso, visando ludibriar perito ou magistrado e garantir sua impunidade pela prática de crime anteriormente praticado, de homicídio”.

 

Edição: Armando Cardoso

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