Conselhos tutelares: eleitores enfrentam dificuldades durante votação no DF

Publicado em 04/10/2015 - 13:19 Por Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil - Brasília

O motorista William Jackson Pereira, 26 anos, saiu cedo de casa para votar no candidato a conselheiro tutelar que escolheu. Depois de cerca de 40 minutos, voltava para o carro, mas sem conseguir votar. “A urna deu problema. Tentaram uma autorização para que eu pudesse votar de forma manual, mas não saiu nada até agora”, contou. “Vou tentar voltar mais tarde, mas isso dificulta muito as coisas. Já tenho outros compromissos marcados ao longo do dia.”

Brasília - A administradora Sara Cristina Rodrigues, 30 anos, precisou ir a dois lugares diferentes até descobrir em que sala poderia votar para conselheiro tutelar (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Brasília - A administradora Sara Cristina Rodrigues, 30 anos, precisou ir a dois lugares diferentes até descobrir em que sala poderia votar para conselheiro tutelar Antonio Cruz/Agência Brasil

O jovem não foi o único a enfrentar dificuldades para participar das eleições para conselheiros tutelares no Distrito Federal. A administradora Sara Cristina Rodrigues, 30 anos, precisou ir a dois pontos de votação até descobrir em que sala poderia votar. Após assinar a ata de abertura de uma das urnas e, portanto, ser a primeira a entrar, ela relata que se deparou com o equipamento já com uma votação em andamento, com os primeiros dois números de um candidato digitados.

“Saí de casa para exercer meu direito de votar e de escolher um conselheiro tutelar”, disse. “Quando consegui a liberação para entrar na sala, a urna não estava zerada como deveria estar. Me orientaram a cancelar e começar o voto de novo. Demorei cerca de 40 minutos para concluir todo o processo. As informações não estão claras para o eleitor e isso dificulta as coisas”, completou.

Brasília - O servidor público João Carlos de Souza garante que está com as obrigações eleitorais em dia, mas não conseguiu autorização para votar em nenhum dos dois pontos que procurou (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Brasília - O servidor público João Carlos de Souza garante que está com as obrigações eleitorais em dia, mas não conseguiu autorização para votar em nenhum dos dois pontos que procurou Antonio Cruz/Agência Brasil

A militar Lecy Cristiane Ramalho, 37 anos, procurou o ponto de votação correto, mas não pôde votar no candidato que havia escolhido e precisou voltar para casa para pesquisar e escolher outro. “Não sabia que não podemos votar em um candidato de uma região diferente da que moramos. Está faltando muita informação. Tenho uma amiga que é conselheira há anos e sei da importância desse trabalho. Sempre que a gente precisa, ela nos dá uma força”, contou.

Já o marido da militar, o técnico em segurança do trabalho Galba Mota, 37 anos, desistiu de participar das eleições deste ano. “Meu título de eleitor é antigo e, por isso, meu local de votação para conselheiro tutelar é outro. Fica longe demais e eu não vou. Vou ter que ficar sem votar mesmo.”

O servidor público João Carlos de Souza, 58 anos, garante que está com as obrigações eleitorais em dia, mas não conseguiu autorização para votar em nenhum dos dois pontos que procurou. “Estou sendo impedido de votar. Já procurei a coordenação e me disseram que não estou cadastrado. Está sendo cessado o meu direito como cidadão”, disse, ao abordar o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg.

Brasília - O governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, participou hoje da eleição de novos conselheiros tutelares (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Brasília - O governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg, participou hoje da eleição de novos conselheiros tutelares Antonio Cruz/Agência Brasil

O governador chegou ao Centro de Ensino Médio Setor Leste, na região central de Brasília, por volta das 11h e conseguiu votar sem problema. Questionado sobre os problemas envolvendo o pleito no Distrito Federal e o imbróglio judicial, ele avaliou que o processo pode sempre ser aperfeiçoado e que o governo está identificando possíveis falhas registradas para “acúmulo de conhecimento”.

Na última sexta-feira, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal concedeu liminar, a pedido da Defensoria Pública, suspendendo a votação marcada para hoje. Ontem (3), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) derrubou a liminar que impedia a eleição dos novos conselheiros tutelares.

A secretária de Políticas para Crianças, Adolescentes e Jovens, Jane Klébia Reis, alegou que o sistema passou por um processo de aprimoramento e que todos os problemas inicialmente registrados já foram resolvidos. “Temos 600 pessoas aguardando para o caso de haver uma falta ou algum problema de saúde de mesário. E temos mais de 100 computadores aguardando, prontos para substituição. Problemas técnicos podem acontecer mas, na medida em que aconteçam, serão prontamente resolvidos”.

As eleições no Distrito Federal seguem até as 17h de hoje. Serão eleitos 200 conselheiros para um mandato de quatro anos com possibilidade de reeleição. 

Criados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os conselhos tutelares são responsáveis por zelar pelos direitos dos jovens. Essas unidades operam no enfrentamento à negligência, à violência física e psicológica, à exploração sexual e a qualquer forma de violação de crianças e jovens.



Eleições para conselhos tutelares ocorrem em Brasília

Edição: Lílian Beraldo

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