Disque-Denúncia do Rio comemora 20 anos com campanha nacional de desarmamento

Publicado em 22/10/2015 - 14:01 Por Vinícius Lisboa - repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O Disque-Denúncia do Rio de Janeiro, o mais antigo do país, comemorou 20 anos hoje (22) com o lançamento de uma campanha nacional para incentivar as denúncias de porte e contrabando de armas ilegais, principalmente fuzis. A entidade assinou uma "carta de compromisso" com representantes dos disque-denúncias de São Paulo, Campinas, Espírito Santo, Minas Gerais e Pernambuco.

No documento, os disque-denúncias se comprometem a apoiar as autoridades no combate às armas ilegais, realizar campanhas específicas de desarmamento e auxiliar na elaboração de estratégias para desarticular quadrilhas de contrabando de armas. No evento, foi exibido um vídeo do Disque-Denúncia do Rio que, ao som de funk, pede que a população ajude a combater o tráfico de armas. 

Coordenador do Disque-Denúncia do Rio de Janeiro, Zeca Borges informou que a ideia da campanha começou com a preocupação com o crescimento do número de apreensões de fuzis no estado, que cresceu 51% neste ano. 

"Estamos muito preocupados com o alto índice de apreensões de armas, muito maior que nos anos anteriores, e com a vitimização de pessoas. Vamos nos unir, porque é um problema do Brasil", afirmou.

Segundo o Disque-Denúncia, só neste ano mais de 10 mil armas e 60 mil munições foram apreendidas com informações recebidas da população. A quantidade equivale a 80% das apreensões do estado de janeiro a setembro.

Coordenadora do Disque-Denúncia de Pernambuco, Carmela Galindo disse acreditar que as denúncias que levam à apreensão de armas de fogo poupam crimes que poderiam ser praticados com elas, já que as principais denúncias recebidas pela entidade são sobre tráfico de drogas, homicídios e violência doméstica.

"A questão dos homicidios e o tráfico de drogas estão diretamente ligadas às armas. Tirando as armas de circulação, estaremos combatendo a ação dos criminosos." Carmela também chamou atenção para o fato de crimes envolvendo pessoas próximas, como familiares, terem muitas vezes relação com o acesso a uma arma de fogo em momento "impensado".

O coordenador do Disque-Denúncia de São Paulo, Mário Vendrell Royo, destacou que o sucesso dos disque-denúncias no país se deve ao anonimato de quem fornece informações. "Se a pessoa procurar uma autoridade policial, ela terá de se identificar e acaba se retraindo."

José Mariano Beltrame

Durante a solenidade, o secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, foi homenageado. Elogiando a escolha do desarmamento como tema da campanha, Beltrame afirmou que o fuzil é o inimigo número um da segurança do Rio de Janeiro e que, muitas vezes, os ferimentos por "balas perdidas" são causados por estilhaços da arma.

O secretário pediu que a sociedade se mobilize para impedir o aumento do número de armas nas ruas".  "Apelo à sociedade, porque a bancada da bala está sujeita a vencer essa luta.".

Conforme Beltrame, o que tem de ser feito é desarmar a sociedade. "Acho que o cidadão de bem fica até constrangido em ter uma arma. Quem a tem, tem em casa e muito bem guardada", acrescentou. Segundo ele, o Disque-Denúncia faz parte do planejamento de segurança do estado e que não seria possível obter resultados postivos sem a iniciativa.

O secretário lembrou que a Corregedoria da Polícia Militar iniciou há um ano um trabalho para combater os desvios de armas dos batalhões do estado. Antes disso, segundo o secretário, as denúncias recebidas eram analisadas de maneira esparsa. "Esse trabalho tem um ano. Montamos esse inquérito e vamos chegar aos responsáveis pelos desvios."

Para registrar denúncias nas entidades, a população pode recorrer aos seguintes telefones: (21) 2253-1177, para o Rio de Janeiro; (81) 3421-9595 /3719-4545, para Pernambuco; e 181, para São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo.

Edição: Armando Cardoso

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