FUP confirma greve de petroleiros, que pode ter novas adesões domingo

Publicado em 30/10/2015 - 18:35 Por Alana Gandra e Flávia Albuquerque – Repórteres da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Os cinco sindicatos representados pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que congregam metade dos 85 mil trabalhadores do Sistema Petrobras, oficializaram hoje (30) o movimento de paralisação iniciado no último dia 24. Desde então, vêm ocorrendo diversas ações nas unidades da estatal no país.

Neste domingo (1º), a partir das 15h, deverão se juntar aos sindicalistas da FNP os operários filiados aos 12 sindicatos da Frente Única dos Petroleiros (FUP), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), que entrarão em greve por tempo indeterminado. “A orientação é greve”, disse, em entrevista à Agência Brasil. o diretor da FNP, Emanuel Cancella.

A Petrobras suspendeu a reunião marcada hoje à tarde com representantes da FNP para discussão das cláusulas sociais do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), porque os trabalhadores de um terminal da empresa em São Paulo, em greve, estariam impedindo a entrada de caminhões com carregamento de produtos para a produção de gás natural, disse Cancella.

Segundo o sindicalista, não existe nenhum bloqueio. “Existe uma informação, para os caminhoneiros, de que os petroleiros estão em greve. E o cara não entra. Na verdade, não existe um bloqueio material. Ninguém está colocando nada para impedir caminhão de entrar.”

Em nota, a Petrobras confirmou que se reuniu, na manhã desta sexta-feira, com os sindicatos para discutir as cláusulas do acordo deste ano sobre salários, vantagens e condições de trabalho. “A companhia havia solicitado aos sindicatos que, para dar continuidade às negociações, era necessário que não ocorressem bloqueios na entrada das unidades, impedindo a passagem de empregados que desejassem trabalhar ou o trânsito de veículos de carga. Como os bloqueios permaneceram, a companhia comunicou aos sindicatos que a reunião de negociação estava suspensa.”

A empresa ressaltou, porém, que está disposta a discutir as cláusulas do acordo coletivo na mesa de negociação. Um novo encontro com a FNP foi marcado para a próxima terça-feira (3), informou Cancella. “Não há prejuízos à produção ou ao abastecimento do mercado” em função das mobilizações dos sindicatos em algumas unidades da companhia, acrescentou a Petrobras.

O diretor da FNP disse que a categoria está bastante irritada com a política da estatal. “O clima está muito ruim”. Segundo Cancella, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, oriundo do Banco do Brasil, quer impor a negociação com bancários aos petroleiros. “Os petroleiros têm um acordo estabelecido há décadas e ele [Bendine] quer quebrar as regras, mas não vai conseguir. A categoria vai endurecer cada vez mais com ele.”

Além da luta pelas cláusulas econômicas e sociais no acordo coletivo deste ano, tanto a FNP como a FUP defendem que a Petrobras “seja 100% estatal e pública”. As entidades estão preocupadas com o número de demissões na companhia por causa da redução de investimentos e pautando o retorno dos trabalhadores dispensados à manutenção dos contratos para garantir os empregos. As federações são contra a venda de ativos da empresa. Na última sexta-feira (23), o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a venda de 49% das ações da Petrobras Gás (Gaspetro) para a Mitsui Gás e Energia do Brasil por R$ 1,9 bilhão. A venda de ativos e a redução de investimentos fazem parte do plano da empresa para reduzir o nível de endividamento, estratégia que a FNP considera equivocada.

Categoria pede 18% de reajuste

Calculada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a reivindicação da categoria é de reajuste de 18%, envolvendo reposição da inflação, aumento real e produtividade. A categoria quer voltar ao patamar do acordo que tinha até o ano passado “e partir daí". Segundo os sindicalistas, esta é a base para a negociação. "A categoria já votou que o patamar mínimo para negociação é voltar ao ACT que tínhamos até 2014.”

Segundo informações da FUP, o aviso de greve foi feito ontem (29), durante audiência com o Ministério Público, no Rio de Janeiro. De acordo com a entidade, a greve foi decidida após 100 dias de tentativa de negociação com a Petrobras, que também não compareceu à reunião no Ministério Público. “Na audiência com o Ministério Publico do Trabalho, a FUP ressaltou que o Plano de Negócios e Gestão da Petrobras afeta drasticamente a sociedade brasileira e a vida de milhares de trabalhadores que estão sendo demitidos pelo país afora. Os cortes de investimentos, venda de ativos, interrupção de obras e paralisação de projetos impactam o desenvolvimento do país e a soberania nacional”, informou, em nota, a Federação dos Petroleiros.

Os petroleiros pedem ainda a garantia de que as riquezas do pré-sal sejam exploradas pela Petrobras, em benefício do povo brasileiro, a implementação de uma nova política de saúde e segurança que garanta o direito à vida e rompa com o atual modelo de gestão que já matou 16 trabalhadores só este ano, a recomposição dos efetivos e a preservação de todos os direitos conquistados pelos trabalhadores.

Edição: Nádia Franco

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