Laboratório de sismologia investiga tremores de terra frequentes no Ceará

Desde o dia 10 de setembro, o laboratório registrou pelo menos 100

Publicado em 14/10/2015 - 17:06 Por Edwirges Nogueira – Repórter da Agência Brasil - Fortaleza

O Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN) enviou um técnico ao município de Irauçuba (CE), a 154 quilômetros de Fortaleza,  para investigar as atividades sísmicas no local. A cidade vem sendo palco de constantes tremores de terra desde o início de setembro.

O técnico em sismologia Eduardo Alexandre de Menezes está no município colhendo informações sobre as atividades e fazendo palestras com a população sobre os eventos, em conjunto com a Defesa Civil do Ceará. Desde o dia 10 de setembro, quando começaram os tremores, o LabSis registrou, pelo menos, 100 eventos.

 estação sismográfica do LabSis

O Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte instalou sete novas estações sismográficas em IrauçubaDivulgação

Há 24 anos, a população de Irauçuba sentiu um dos tremores de maior magnitude registrados até hoje no Nordeste, que atingiu 4,9 na escala Richter. Na semana passada, houve um de 3,3. As atividades deste ano, no entanto, ocorrem em uma nova área, localizada cerca de 15 quilômetros a norte do local onde foi registrado o abalo em 1991.

Os primeiros desta série de tremores em Irauçuba foram registrados pela estação sismográfica do LabSis que fica no município de Morrinhos, a 127 quilômetros da cidade. Para fazer um mapeamento detalhado da nova área, foram instaladas sete novas estações sismográficas na região.

Os primeiros dados colhidos, segundo Menezes, mostram que os abalos ocorrem a uma profundidade de 8,5 quilômetros. O epicentro (ponto da superfície terrestre onde se registra a intensidade máxima de um movimento sísmico) se localiza entre as localidades de Saco do Juazeiro e Passarinhos. Além de rachaduras nas paredes de algumas residências, não há registro de danos maiores.

“Tremores na ordem de 3, 3,5 e 4 [na escala Richter] não são difíceis de acontecer, pois é uma região que já teve uma ocorrência no passado. Isso requer um monitoramento mais presente para vermos o movimento dessa atividade, se ela pode crescer ou não, e para passarmos as informações à população”, explica o técnico.

O LabSis/UFRN tem 17 estações sismográficas instaladas em todo o Nordeste. Diferente do movimento de placas tectônicas que, devido ao choque, causam terremotos de grande intensidade em alguns países, no Brasil, conforme Menezes, os tremores acontecem devido a esforços no interior da Terra. A deformação da rocha devido ao calor provoca abalos como os registrados em Irauçuba.

O terremoto mais forte registrado no Nordeste, segundo ele, teve magnitude de 5.3 e ocorreu em 1980 em Pacajus, na Região Metropolitana de Fortaleza. Outros dois grandes abalos sísmicos ocorreram em João Câmara, no Rio Grande do Norte (um em 1986, com 5.1, e outro em 1989, com 5.0). Em quarto lugar, está o tremor registrado em Irauçuba em 1991.

Edição: Fábio Massalli

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