Dados de índice que avalia pobreza são positivos, diz secretário

Publicado em 14/12/2015 - 19:13 Por Yara Aquino – Repórter da Agência Brasil - Brasília

O secretário extraordinário para superação da extrema pobreza do Ministério do Desenvolvimento Social, Tiago Falcão, avalia que, de forma geral, são positivos os dados referentes ao Brasil, que estão no Relatório de Desenvolvimento Humano 2015, divulgado hoje (14) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

O relatório mostra que o Brasil registrou melhora no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em 2014, passando de 0,752 em 2013 para 0,755 em 2014. Apesar do aumento, o Brasil caiu uma posição no ranking mundial de desenvolvimento humano e agora ocupa o 75º lugar entre 188 países.

De acordo com o relatório, o país perdeu uma posição porque foi ultrapassado pelo Sri Lanka, que teve crescimento acelerado nos últimos anos. O IDH mede o desenvolvimento humano por meio de três componentes: a expectativa de vida, educação e renda.

Segundo Falcão, a posição de um país no ranking não deve ser olhada isoladamente já que é influenciada pelo Produtor Interno Bruto (PIB), que é conjuntural. Para ele, é preciso analisar os componentes do IDH como os relativos à educação e expectativa de vida, que mostram as transformações estruturais ocorridas no país, além de avaliar também a trajetória dos últimos anos.

“Os componentes do IDH são positivos para o Brasil e têm sido positivos há mais de uma década. Isso o relatório, de certa forma, confirma. Nos últimos 20 anos, o Brasil esteve entres os países do mundo que mais avançaram”, disse. De acordo com o relatório, a esperança de vida ao nascer vem crescendo desde 1990 e aumentou de 74.2 em 2013 para 74.5 em 2014. O mesmo ocorre com a média de anos de estudo, que de 2013 para 2014 passou de 7,4 para 7,7.

O secretário destacou como um dado importante do relatório a queda da pobreza multidimensional que leva em conta indicadores como a qualidade do domicílio (banheiro, água, eletricidade, piso e bens duráveis), além de saúde e educação.

“É um indicador bem apurado para avaliar pobreza e o Brasil chegou ao índice de 2,9% da população, isso é muito positivo. É um indicador que nos mostrou que o Brasil continua no caminho certo, avançando em relação a suas políticas sociais”, disse. O dado mais atualizado sobre a pobreza multidimensional é de 2013 quando o índice do Brasil foi de 2,9%. Em 2012, havia sido 3,1%.

A partir dos dados do relatório do PNUD, o diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Cândido Grzybowski, avalia que o Brasil está no caminho certo, mas que o ritmo dos avanços sociais poderia ser mais rápido. Ele também considera que o cálculo do IDH tende a valorizar mais os países com maior renda do que os que fazem maiores ganhos em áreas com saúde e educação. “Bem ou mal, não temos o crescimento da China, mas estamos melhores que eles porque melhoramos mais em educação e saúde”, disse.

Para o diretor do Ibase, políticas sociais implementadas no país, entre elas o Bolsa Família, citado mais de uma vez no relatório do Pnud, teve um papel importante na melhora dos indicadores sociais em função das condicionalidades como manter as crianças na escola e a necessidade de acompanhamento pré-natal.

Cândido Grzybowski demonstrou preocupação com o impacto negativo que o corte de R$ 10 bilhões no orçamento do Bolsa Família, proposto pelo relator do orçamento de 2016, poderá ter futuramente no IDH do Brasil. “Acho que para o IDH vai ser mais grave cortar os 10 milhões do Bolsa Família do que a retração prevista para o PIB. Vai ter impacto porque se perde em crianças indo pra escola e mães que deixam de fazer o pré-natal. Ao ser focado nos mais pobres, o programa está extremamente associado a variáveis como educação e saúde”, avaliou.

De acordo com o relatório, o Brasil acumula trajetória constante de crescimento do IDH. De 1990 a 2014, o crescimento foi 24,2%, o maior no período entre os países da América do Sul. Em relação a Renda Nacional Bruta (RNB) per capita houve queda em 2014 (15.175), quando comparada a 2013 (15.288).

Edição: Maria Claudia

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