Crise reduz para um terço valor do réveillon na laje do Pavão-Pavãozinho

Publicado em 29/12/2015 - 17:09 Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Pavão-Pavãozinho

Do Pavão-Pavãozinho, os turistas podem visualizar o litoral do Rio de Janeiro entre o Forte de Copacabana e o Pão de Açúcar, na UrcaDaniel Plá

Pela sétima vez consecutiva, os moradores da favela do Pavão-Pavãozinho, na zona sul do Rio de Janeiro, oferecem a turistas a oportunidade de um réveillon diferente, no alto do morro, de onde podem assistir ao espetáculo da queima de fogos na Praia de Copacabana e visualizar o litoral carioca entre o Forte de Copacabana, no Posto Seis, até o Pão de Açúcar, na Urca.

O encontro é organizado voluntariamente pelo professor de Marketing de Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Daniel Plá. Segundo ele, a crise reduziu para um terço - de R$ 1.350 para R$ 450 - o preço do convite para o evento. “A crise chegou ao morro”, afirmou o economista.

Dos 30 convites oferecidos, até agora foram vendidos apenas 15 e, para surpresa dos organizadores, para turistas brasileiros. A expectativa do organizador é que todos sejam vendidos até o início da festa.

Parte do dinheiro arrecadado é revertida para a comunidade. O restante é para custeio de transporte de materiais para produção dos alimentos oferecidos e de equipamentos para a tradicional roda de samba antes e depois dos fogos, na laje de dona Azelina dos Santos, moradora há 65 anos do Pavão-Pavãozinho.

No dia 31, os turistas chegam à favela pelo elevador panorâmico localizado nas ruas Teixeira de Melo e Barão da Torre, em Ipanema. "Depois da instalação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em novembro de 2009, a favela está muito segura. Quando os turistas sobem têm a sensação de que a favela é mais segura que a cidade formal, porque os moradores da comunidade fazem questão de que tudo funcione bem”, afirmou Daniel Plá.

Pomba

O cardápio do réveillon na laje de dona Azelina inclui bobó de camarão, salgadinhos, frutas, caipirinha, espumante e torta de chocolate com morango. “Dona Azelina não permite cerveja”, destacou o professor da FGV, que frequenta a festa de fim de ano com a família no Pavão-Pavãozinho há nove anos.

Em anos anteriores, dona Azelina comemorava a chegada do novo ano soltando uma pomba branca. Como a pomba retornou no ano passado, ela decidiu abrir mão da tradição. A surpresa deste ano ficará por conta dos músicos que participarão ao vivo da roda de samba, tocando músicas em homenagem a Bezerra da Silva, morador da favela do Cantagalo e que morreu há dez anos.

A média de turistas que frequenta o réveillon na laje do Pavão-Pavãozinho tem sido de 30 pessoas por ano. Os turistas franceses são os visitantes que mais gostam do evento na favela, seguidos dos argentinos, alemães e italianos. Em decorrência da crise, este ano os brasileiros deverão superar os estrangeiros.

Edição: Armando Cardoso

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