Polícia vai definir trajeto de passeatas em SP se não for avisada previamente

Publicado em 13/01/2016 - 13:43 Por Flávia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil - São Paulo

O secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse hoje (13), após evento no Palácio dos Bandeirantes, que depois de reunião com o comando das polícias Militar e Civil no final de semana, ficou decidido que se os movimentos que fizerem manifestações na cidade não informarem previamente o percurso da passeata, quem definirá isso será a secretaria e polícia.

Segundo ele, a não definição prévia, por parte do Movimento Passe Livre (MPL), foi o estopim para que a Polícia Militar reagisse para dispersar os manifestantes, durante aos atos de ontem (12), na Praça do Ciclista, na avenida Paulista. Eles se concentravam no local, às 17h, e pretendiam ir até o Largo da Batata, zona Oeste, passando pela avenida Rebouças e pela avenida Brigadeiro Faria Lima. Mas o policiamento autorizou que fossem apenas em direção ao centro, passando pela rua da Consolação até a Praça da República.

Com a tentativa de parte dos manifestantes de driblar o policiamento e seguir para o Largo da Batata, a polícia começou a disparar bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e a bater com cassetetes em manifestantes. A polícia atirou em grupos que ainda estavam na Praça do Ciclista, e deixou ativistas encurralados entre a tropa de choque e um cordão de policiais.

“Passamos a estabelecer o que a Constituição determina: o absoluto direto de manifestação de qualquer grupo, desde que haja o aviso prévio para que as autoridades possam organizar a cidade. O único movimento que não comunica previamente suas manifestações, apesar de solicitado, é o Movimento Passe Livre. A partir do momento em que não comunicar qual será o trajeto de sua manifestação, nós vamos estabelecer o traçado para evitar confusão com milhões de pessoas que não estão participando”, disse.

O secretário de segurança disse que, como o movimento não avisou com antecedência, na terça-feira, a secretaria entrou em contato com a prefeitura e solicitou a limpeza extra na rua da Consolação até a Praça da República. Isso para que não houvesse sacos de lixo que pudessem ser incendiados e para que as linhas de ônibus fossem transferidas para as vias paralelas, deixando, assim, o percurso livre para os manifestantes.

“É um percurso que eles mesmos já utilizaram várias vezes. Isso foi acordado a partir das 17h com as lideranças e, de repente, eles, ao invés de se manifestar pelas avenidas livres, preferiram tentar romper o bloqueio pra ir para a Rebouças. Em virtude disso, houve necessidade de dispersão”.

Moraes ressaltou que a intenção é evitar que se repita a mesma situação que ocorreu na última sexta-feira, durante a primeira manifestação do grupo contra o aumento do transporte público – de R$ 3,50 para R$ 3,80 – na qual os manifestantes, que caminhavam por uma via da avenida 23 de Maio, invadiram uma segunda faixa. “Isso quase causou um acidente. Além disso, eles chacoalharam um carro com uma mulher e crianças dentro. Não é possível que o direito de manifestação acabe virando crime.”

Ele informou ainda que o trabalho para identificação de “baderneiros” e black blocks continuará sendo feito por meio do cruzamento de imagens, já que todas as manifestações são gravadas, e todos os mascarados e com mochilas serão revistados. Segundo Moraes, quando um black blocks for preso, será enquadrado no crime de formação de quadrilha. Será investigada ainda a ligação entre lideranças do MPL e os black blocks.

De acordo com Moraes, 13 pessoas foram detidas ontem, das quais duas portavam bombas caseiras. “Em uma das bombas havia 20 pregos de 10 cm. Depois de feito o laudo, o GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais) explodiu o artefato para verificar qual seria o efeito de devastação. Os pregos seriam lançados num raio de 200 metros. Isso não é direito de manifestação. Quem leva um artefato desse para machucar mais manifestantes é um criminoso”.

Flávia Albuquerque

Edição: Maria Claudia

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